domingo, 8 de dezembro de 2013

Da impossibilidade de levar a sério Pacheco Pereira

Ninguém duvida que Pacheco Pereira estudou História e Filosofia e Política. Ninguém duvida que Pacheco Pereira tem a experiência para falar de Política com conhecimento de causa. E, no entanto, cada vez me é mais difícil levar a sério e considerar relevante aquilo que Pacheco Pereira vai dizendo, sobre este Governo, sobre o país, sobre a Europa ou sobre o mundo.

Pacheco Pereira limita as suas intervenções actuais a destilar veneno sobre o Governo ou a auto-proclamar-se um arauto dos fracos contra os fortes. A falta de espessura daquilo que diz é apenas ultrapassada pela pompa e circunstância com que o diz. E a falta de relevância e seriedade de Pacheco Pereira apenas foi sublinhada quando se decidiu associar a Mário Soares na Aula Magna.

Pacheco Pereira embarcou nos discursos da "sensibilidade social". No discurso do "coitadinho". Nas previsões sombrias. Nas imputações de motivos mefistofélicos àqueles com que ele não concorda. Na descaracterização daquilo que é feito, e na demagogia dos simplismos que procuram menorizar outras pessoas. Esta última é, aliás, uma das técnicas preferidas de Pacheco Pereira: apresentar aqueles de quem não gosta como inferiores e como intelectualmente indigentes.

As barbas brancas de Pacheco Pereira não são um posto. O seu pensamento para o país é desconhecido. Aliás, o seu pensamento, em geral, é neste momento essencialmente desconhecido. Porque para dizer e fazer o que Pacheco Pereira vai dizendo e fazendo não é preciso pensar muito. E a sua postura arrogante, de suposta superioridade intelectual, apenas torna mais evidente o puro e simples vazio daquilo que vai dizendo e fazendo por estes dias.

Pacheco Pereira é um exemplo paradigmático de comentador sem conteúdo que alinha pelo discurso anti-crise mais fácil que esteja por aí à mão. O seu historial poderia levar a que se esperasse mais. Mas o seu historial pouco interessa. O que interessa é que, nestes tempos de crise, Pacheco Pereira é um símbolo vivo do 'status quo', do estrebuchar de gente que, mantendo-se alegadamente à margem do regime, acaba por se tornar num seu tenaz defensor. Em mais um a lançar insultos para a praça pública, do trono sobre o qual julga sentar-se.

Por isso me é impossível levar a sério Pacheco Pereira. Porque é impossível debater ideias com Pacheco Pereira. Porque, por estes dias, Pacheco Pereira não tem ideias. Tem bílis.

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