sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Grândola Vila Morena e outras breves histórias

1. A carta de António José Seguro não tem conteúdo útil. Não passa de uma manobra política interna, show off para o país e para dentro do PS, irrelevante internacionalmente, que nada contém de interessante em termos de ideias para resolver problemas concretos e reais. Vem na senda do «Documento de Coimbra» (ex-«Portugal Primeiro»), cujas 27 páginas se resumiam a dizer que o PS continua a querer as mesmas políticas económicas que já queria antes, só que com uma federação europeia. Ora, eu sou federalista, e também quero uma federação europeia. Mas não tenho qualquer interesse no modelo de desenvolvimento económico proposto pelo PS.

2. Defender a liberdade de expressão impedindo outras pessoas de falar, incluindo cantando o «Grândola, Vila Morena», é um contra-senso. Defender a liberdade de expressão passa por deixar os outros falar e por lhes responder. Fazer isso denota cultura democrática e interesse em particular no processo deliberativo democrático. Tentar impedir os outros de falar denota falta de cultura democrática, aparente desprezo por opiniões contrárias, e impede, não promove, o debate público. Mas uma coisa boa veio disto tudo: ao decidirem tentar impedir outros de falar, aquelas pessoas mostraram ao que vêm e como pensam de forma muitíssimo clara. E de forma também muitíssimo clara, não podia estar mais longe do entendimento que aquelas pessoas parecem ter daquilo que é a promoção da liberdade de expressão na nossa democracia.

3. O movimento "Que se lixe a troika!" não representa o «povo». Representa os seus membros. Os representantes do povo não o são por auto-proclamação. São-no pelo voto. No nosso sistema, têm assento na Assembleia da República. Vivemos num sistema de democracia representativa. Pela amostra, alguns apoiantes da «democracia real» (o que quer que ela seja) pretendem-se representantes do «povo» porque sim, porque eles, humildemente, decidiram que falavam por toda a gente do país que não seja banqueiro (e portanto, por definição, maléfico) ou político (e portanto, por definição, corrupto) ou «rico» (e portanto, por definição, um inimigo). Mas, por muito que gostem de pensar que falam, não falam. Falam por eles próprios. E não vejo qualquer legitimidade para que falem em nome de quaisquer outras pessoas.

4. Continuamos a assistir a gente a exigir ao Ministro das Finanças o dom de adivinhar o futuro. Constantemente se vêem capas de jornais sobre previsões económicas neste sentido. Depois, pinta-se uma imagem do Ministro, com base na opinião de comentadores que nem dominam os temas, nem provavelmente conhecem o Ministro. E, finalmente, põe-se em causa a credibilidade e competência técnica do Ministro com acusações baseadas na tal noção de que ou ele é adivinho, ou ele é incompetente. Só que esta noção é um disparate. O nosso Ministro está a fazer o trabalho dele, que por sinal é o de equilibrar as contas públicas em tempos de crise e num contexto em que cortar na despesa é um inferno e aumentar os impostos é, claro, impopular. Claro que há quem pense que as contas públicas estarem em ordem não é relevante, só que foi precisamente com esse pensamento que chegámos até aqui. E não é com pensamento mágico que vamos sair do buraco onde estamos.

5. Muita gente que comenta o tema das previsões económicas fá-lo claramente com base no «achismo». Não tem previsões nenhumas. Pelo que nunca poderá «enganar-se». Mas estará sempre pronta para falar dos terríveis enganos dos outros, naturalmente. E, também naturalmente, ninguém está preocupado em que esses comentadores prestem contas e sejam confrontados com aquilo que dizem ou disseram. Como ficamos sempre no domínio das frases ocas e nos apelos sem conteúdo, também seria difícil fazê-lo. É muito mais fácil mandar postas de pescada do que tomar decisões (que por definição implicam escolhas) em tempo de crise. E para que não restem dúvidas - essas decisões são sempre criticáveis. E, como vivemos em democracia, existe liberdade de expressão e há pluralidade de opiniões, vai haver sempre críticas. Acontece que as opiniões dos comentadores também são criticáveis. Só que criticá-las muitas vezes é difícil. Afinal, as ideias feitas e as trivialidades abundam, e é difícil desmontar coisas vazias de conteúdo sem acabar sugado para uma enorme discussão vazia e sem conteúdo.

6. «Apostar na Economia» não tem de significar despejar dinheiro público na mesma. Pode também significar retirar barreiras desnecessárias que o Estado cria, por exemplo. Também pode significar baixar as taxas e simplificar o sistema fiscal, cortar na despesa pública, e até mesmo promover uma reforma do Estado com pés e cabeça. Pode até significar fazer todos os esforços para que se consiga mesmo um acordo de comércio livre entre os EUA e a União Europeia, por exemplo. Mas ai de quem diga que quer fazer isto. Leva logo com insultos, incluindo as famosas acusações de «fascismo» ou «salazarismo». No fundo, há gente que considera que a democracia consiste em aplicar políticas com que ela concorda. O resto é, por definição, ilegítimo. E há quem julgue que, sendo o resto ilegítimo, o que há mais a fazer é cantar o «Grândola, Vila Morena» para impedir os outros de falar.

Só que têm azar. Porque há quem preze a liberdade de expressão. E não se cala.

1 comentário:

  1. Apostar na economia é investir em caixotes de pinho
    que a velharia vai gripando e depois é só lucro

    e em fornos crematórios a serradura

    com produção de energia elétrica por biomassa

    ai as massas as massas tão energéticas
    DOMINGO, 24 DE FEBRERO DE 2013

    O GRANDOLIRISMO RESSUSCITOU JUNTAMENTE COM O CUBO DE RUBIK E A MÁFIA JUDICIAL AL DENTE DE BERLUSCONI
    Sub versões da Liberdade com L grande e minorias minúsculas que levam nus cus

    Relvas vilão moreno

    Na Selva da dignidade

    Fazes guerrilha pequeno

    Comandante Liberdade

    Em cada Loja um Amigo

    Em cada próspera Irmandade

    Relvas em tua Verdade

    Nós queremos tar contigo

    ó amigo no teu abrigo

    Copacabana contiguo

    Processa não, consigo-o

    Em saco azul de felgueiras

    Paga-te as boas maneiras

    corriqueiras

    de seres relvas das selvas

    nas selvas dos relvas

    con belgas ou melgas

    relvas rex d'acelgas

    Next Chapter from Relvas das Selvas

    Vamo-vos ao cu Medievalmente


    Ai Relvas Aguenta? Ai Aguenta Aguenta,

    Ai flores flores de verdes Relvas ai deo lo o é...

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