Quando se pense que um determino conceito poderá não ser inteligível para a maioria da população, o melhor que se tem a fazer é usá-lo na mesma, mas tentar explicá-lo de forma a que todos percebam, ou pelo menos saibam onde encontrar mais informação sobre o conceito. O pior que se tem a fazer é usar um conceito diferente, mas que supostamente é «parecido» e mais «fácil de entender» pelo cidadão médio.
Utilizar um conceito diferente passa uma ideia errada. Em vez de informar, desinforma. Quem ler a notícia fica a pensar que se passou alguma coisa quando, na verdade, se passou alguma coisa diferente. E isto terá impacto na sua percepção daquilo que a rodeia, bem como nas decisões que tome em conformidade com a percepção que tem. Trocado por miúdos: este tipo de desinformação tem impacto real e não pode ser ignorada.
Um exemplo concreto deste tipo de erros: o conceito de «governance» não é o mesmo que o conceito de «governo». Dizer que a Alemanha e a França propõem um «governo económico» comum não é o mesmo que dizer que estes propõem uma «governance económica» comum. Ora, o que a Alemanha e a França propuseram foi precisamente esta segunda hipótese, não a primeira. No entanto, um pouco por todo o lado se vê que foi a primeira a ser reportada.
Também poderá dar-se o caso do jornalista não conhecer o conceito em questão que deverá utilizar na sua notícia, dado que poderá ser um conceito técnico complexo. Nesse caso, deverá informar-se sobre o mesmo e tentar perceber o que se passa junto de quem conheça o conceito, e não tentar uma aproximação que lhe pareça bem mas que possa estar, efectivamente, bastante mal feita.
A comunicação social tem um papel importante a desempenhar numa sociedade livre, um papel informativo de disseminação de informação e de fomento do debate público. Erros sobre conceitos minam o debate público e não ajudam a que as pessoas fiquem mais informadas. Antes pelo contrário. Não podemos admitir, enquanto participantes nesse mesmo debate, e enquanto indivíduos que sofrem as consequências das decisões que se tomam no final desse debate, que este papel seja desempenhado de forma pouco rigorosa e, no limite, enganadora.
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