"Deve haver um dia em que a sociedade, como os indivíduos, chegue à maioridade." - Alexandre Herculano
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Mais 1150 Burrocratas Álvaro?
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Dinamismo
É preciso apostar nos colaboradores. É preciso investir nos colaboradores, sem ver a aposta na qualificação como deitar dinheiro fora, mas sim como uma forma de tornar a empresa como um todo mais produtiva e portanto mais capaz de gerar lucros. É preciso não apenas copiar as melhores práticas, mas tentar continuar a melhorá-las, e investir em inovação de forma constante.
É preciso encarar a empresa como uma comunidade em que todos são bem tratados e em que o mérito e o trabalho em equipa são valorizados, e não como algo rigidamente dividido entre «patrões» e «trabalhadores». É preciso encarar a empresa como uma comunidade em que se compreende que todos têm a ganhar se todos os membros dessa comunidade forem devidamente valorizados, remunerados e desafiados.
É preciso uma cultura de risco, em que as pessoas saem da sua zona de conforto e tentam criar novas coisas e, quando falham, tentam de novo até conseguirem. Uma cultura em que ter uma carreira variada não seja visto como algo de negativo à partida. É preciso que o auto-emprego seja uma verdadeira alternativa e que o desemprego seja uma oportunidade de mudar para melhor, e não um drama de difícil resolução.
O mercado do trabalho em Portugal tem de mudar como um todo. Flexibilizar a lei laboral é importante para que as coisas mudem, mas não é tudo. É preciso fomentar esta mudança de mentalidades, e isso apenas se consegue flexibilizando a economia como um todo, não criando entraves excessivos à criação de novas empresas (e portanto à sua entrada no mercado) e também promovendo a existência de concorrência entre as empresas.
Com essa mudança cultural, as pessoas passarão a encontrar em Portugal as oportunidades que hoje encontram no estrangeiro. Passaremos também a ter uma economia mais aberta e mais dinâmica, o que fomenta o desenvolvimento económico. Faltaria então que mudássemos o paradigma actual das grandes obras públicas levadas a cabo com critérios de rentabilidade muito dúbios (e que nos cobriram de dívidas) para um paradigma de manter a dívida pública sob controlo e usar o dinheiro público de forma sensata.
O programa da Troika inclui quer uma componente de finanças públicas como uma componente de reformas estruturais em diversos sectores. São essas reformas estruturais que nos visam devolver o dinamismo económico e o potencial de crescimento que neste momento não temos e que é fundamental levar a cabo para que, no futuro, estejamos a ler artigos em que se explicam os motivos que levam as empresas estrangeiras a investir em Portugal e a imigrantes qualificados quererem vir para Portugal.
quinta-feira, 3 de março de 2011
Um País de Acomodados
Com a crise económica a prolongar-se por mais uns anos do que o esperado e o desemprego a assumir níveis muito preocupantes, os jovens portugueses, também conhecidos como a geração «dos 500 euros», «à rasca», «dos recibos verdes» (ou mais sucintamente «sem emprego») começam a dar ares de estarem realmente fartos de toda esta conjuntura. A habitual apatia, problema sério no nosso país, começa a desvanecer e cada vez maior é a mobilização da juventude para denunciar o que está mal.
Contudo, denunciar o que está mal é apenas o trabalho mais fácil. A questão que impera é: «Como?». Em que medida estamos nós a discutir soluções e estamos dispostos a aplicá-las? Um sério compromisso de mudança não vingará sem esforço por parte de cada um de nós.
Portugal é o país do comodismo, onde reina uma filosofia de vida que tem como máxima «deixar que os outros nos resolvam a vida». Estamos constantemente à espera que nos digam o que fazer e como fazer. Não importa porque o fazemos dessa maneira e não de outra. Desde a escola primária que temos pessoas (primeiro os professores e pais, depois patrões e até mesmo o Estado) a dizer-nos o que estudar, o que temos de saber e até quase (arrisco) o que pensar. A escola deveria ser muito diferente do que é hoje: deveria dar a oportunidade aos seus estudantes de aprofundarem as temáticas que realmente gostam (ao contrário de seguirem um leque rígido de programas, muitas vezes mal preparados), levar os alunos a construírem o seu próprio conhecimento, estimulando o desenvolvimento de metodologias de trabalho próprias, consciencializar os alunos de que eles são os verdadeiros responsáveis pelo seu futuro. Precisamos de uma escola que forme cidadãos responsáveis, críticos e empreendedores. É óbvio que nem todos temos de ser grandes líderes e visionários, mas todos podemos ser pessoas mais aptas a ultrapassar os problemas com que, naturalmente, nos deparamos diariamente.
Do mesmo modo, o Estado deveria procurar mudar as suas políticas de apoio ao tecido empresarial. Subsidiar não é a solução para tornar as nossas empresas mais competitivas e para criar empregos. Subsidiar só tem como efeito prático o enraizamento do comodismo. Enquanto as empresas andarem protegidas debaixo da «asa» do Estado, não seremos ousados e inovadores o necessário para conseguirmos vencer. Nenhuma criança aprende a andar de bicicleta se estiver constantemente apoiada pelas rodinhas auxiliares. Analogamente, as empresas só aprenderão a concorrer neste mercado global se o enfrentarem pelos seus próprios meios. Não tenho dúvidas de que o conseguiríamos, quiséssemos nós, como demonstram os múltiplos casos de sucesso de portugueses, cá dentro e lá fora.
Todas estas matérias têm sido bastante abordadas aqui no blog, mas a verdade é que assumem uma importância central quando queremos realmente mudar alguma coisa!
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Censos 2011
A maior operação estatística realizada em Portugal está de regresso e começará já no mês de Março, dez anos depois do último recenseamento da população e alojamentos. Apesar da inovação que o Instituto Nacional de Estatística faz questão de destacar no seu site (como e e-censos, em que as pessoas poderão responder aos inquéritos através da internet), o certo é que serão necessários milhares de recenseadores dispostos a fazer o serviço porta a porta.
Como muitos estudantes universitários (que pagam propinas avultadas), também eu me candidatei a um lugar de recenseador. À conversa com um dos coordenadores da minha Junta de Freguesia, apercebi-me que os dados relativos aos candidatos constituem um bom retrato do estado do (des)emprego no nosso país: para as cerca de 23 000 vagas concorreram 50 000 pessoas; grande parte destes indivíduos está desempregada (mais de 1/3), sendo que 17% são jovens licenciados; a média de idades ronda os 30 anos.
Esta «corrida aos censos», infelizmente, em nada nos surpreende numa altura em que a taxa de desemprego assume valores recorde (10,9%). Só espero que, se em virtude desta mega operação os valores do desemprego diminuírem ligeiramente (afinal, os desempregados candidatos a recenseadores ainda representam quase 0,3% da população activa), o sr. primeiro-ministro José Sócrates não tenha o descaramento de tentar tirar proveito da situação, como já nos habituou, tentando desesperadamente dar alguma credibilidade às políticas que o seu governo tem vindo a seguir.
As novidades
Este ano, e pela primeira vez, será possível responder aos inquéritos através da internet, as uniões entre homossexuais serão observadas e será feita uma georreferenciação, em suporte digital, dos edifícios de alojamento destinados à habitação.
A despesa
Segundo o Público, o orçamento total desta operação ronda os 50 milhões de euros, dos quais 2,5 milhões serão gastos em campanhas de publicidade em vários meios de comunicação, tais como «televisão, rádio e outros».
O modelo espanhol
O Público avança também que a Espanha irá este ano alterar o seu método de recenseamento, esperando poupar cerca de 300 milhões de euros. «Rompendo com o critério da universalidade, o Instituto Nacional de Estatística Espanhol inquirirá apenas 10% dos cidadãos, em vez de distribuir os inquéritos casa a casa, extrapolando depois os resultados à restante população».