quinta-feira, 3 de março de 2011

Um País de Acomodados

Com a crise económica a prolongar-se por mais uns anos do que o esperado e o desemprego a assumir níveis muito preocupantes, os jovens portugueses, também conhecidos como a geração «dos 500 euros», «à rasca», «dos recibos verdes» (ou mais sucintamente «sem emprego») começam a dar ares de estarem realmente fartos de toda esta conjuntura. A habitual apatia, problema sério no nosso país, começa a desvanecer e cada vez maior é a mobilização da juventude para denunciar o que está mal.

Contudo, denunciar o que está mal é apenas o trabalho mais fácil. A questão que impera é: «Como?». Em que medida estamos nós a discutir soluções e estamos dispostos a aplicá-las? Um sério compromisso de mudança não vingará sem esforço por parte de cada um de nós.

Portugal é o país do comodismo, onde reina uma filosofia de vida que tem como máxima «deixar que os outros nos resolvam a vida». Estamos constantemente à espera que nos digam o que fazer e como fazer. Não importa porque o fazemos dessa maneira e não de outra. Desde a escola primária que temos pessoas (primeiro os professores e pais, depois patrões e até mesmo o Estado) a dizer-nos o que estudar, o que temos de saber e até quase (arrisco) o que pensar. A escola deveria ser muito diferente do que é hoje: deveria dar a oportunidade aos seus estudantes de aprofundarem as temáticas que realmente gostam (ao contrário de seguirem um leque rígido de programas, muitas vezes mal preparados), levar os alunos a construírem o seu próprio conhecimento, estimulando o desenvolvimento de metodologias de trabalho próprias, consciencializar os alunos de que eles são os verdadeiros responsáveis pelo seu futuro. Precisamos de uma escola que forme cidadãos responsáveis, críticos e empreendedores. É óbvio que nem todos temos de ser grandes líderes e visionários, mas todos podemos ser pessoas mais aptas a ultrapassar os problemas com que, naturalmente, nos deparamos diariamente.

Do mesmo modo, o Estado deveria procurar mudar as suas políticas de apoio ao tecido empresarial. Subsidiar não é a solução para tornar as nossas empresas mais competitivas e para criar empregos. Subsidiar só tem como efeito prático o enraizamento do comodismo. Enquanto as empresas andarem protegidas debaixo da «asa» do Estado, não seremos ousados e inovadores o necessário para conseguirmos vencer. Nenhuma criança aprende a andar de bicicleta se estiver constantemente apoiada pelas rodinhas auxiliares. Analogamente, as empresas só aprenderão a concorrer neste mercado global se o enfrentarem pelos seus próprios meios. Não tenho dúvidas de que o conseguiríamos, quiséssemos nós, como demonstram os múltiplos casos de sucesso de portugueses, cá dentro e lá fora.

Todas estas matérias têm sido bastante abordadas aqui no blog, mas a verdade é que assumem uma importância central quando queremos realmente mudar alguma coisa!

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