A maior operação estatística realizada em Portugal está de regresso e começará já no mês de Março, dez anos depois do último recenseamento da população e alojamentos. Apesar da inovação que o Instituto Nacional de Estatística faz questão de destacar no seu site (como e e-censos, em que as pessoas poderão responder aos inquéritos através da internet), o certo é que serão necessários milhares de recenseadores dispostos a fazer o serviço porta a porta.
Como muitos estudantes universitários (que pagam propinas avultadas), também eu me candidatei a um lugar de recenseador. À conversa com um dos coordenadores da minha Junta de Freguesia, apercebi-me que os dados relativos aos candidatos constituem um bom retrato do estado do (des)emprego no nosso país: para as cerca de 23 000 vagas concorreram 50 000 pessoas; grande parte destes indivíduos está desempregada (mais de 1/3), sendo que 17% são jovens licenciados; a média de idades ronda os 30 anos.
Esta «corrida aos censos», infelizmente, em nada nos surpreende numa altura em que a taxa de desemprego assume valores recorde (10,9%). Só espero que, se em virtude desta mega operação os valores do desemprego diminuírem ligeiramente (afinal, os desempregados candidatos a recenseadores ainda representam quase 0,3% da população activa), o sr. primeiro-ministro José Sócrates não tenha o descaramento de tentar tirar proveito da situação, como já nos habituou, tentando desesperadamente dar alguma credibilidade às políticas que o seu governo tem vindo a seguir.
As novidades
Este ano, e pela primeira vez, será possível responder aos inquéritos através da internet, as uniões entre homossexuais serão observadas e será feita uma georreferenciação, em suporte digital, dos edifícios de alojamento destinados à habitação.
A despesa
Segundo o Público, o orçamento total desta operação ronda os 50 milhões de euros, dos quais 2,5 milhões serão gastos em campanhas de publicidade em vários meios de comunicação, tais como «televisão, rádio e outros».
O modelo espanhol
O Público avança também que a Espanha irá este ano alterar o seu método de recenseamento, esperando poupar cerca de 300 milhões de euros. «Rompendo com o critério da universalidade, o Instituto Nacional de Estatística Espanhol inquirirá apenas 10% dos cidadãos, em vez de distribuir os inquéritos casa a casa, extrapolando depois os resultados à restante população».
Sem comentários:
Enviar um comentário