Há quem goste de politizar debates científicos. Um propósito poderá ser descaracterizar teorias científicas que se considerem problemáticas politicamente. Outro propósito poderá ser uma tentativa de conferir aparente objectividade a um julgamento de valor e a uma posição pessoal.
A Ciência e o método científico têm-nos dado dados muito robustos sobre a realidade que nos rodeia, mas tendem a ser simplificados e até descaracterizados nos debates público. A dúvida sistemática é apresentada como dogmatismo imutável, por exemplo. Ou então, a transitoriedade do conhecimento científico é apresentada como significando que na verdade não se sabe nada.
Esta descaracterização da Ciência é aproveitada por quem queira aproveitar-se da credibilidade do conhecimento científico ou por quem queira pôr em causa essa mesma credibilidade. Em ambos os casos, é importante apontar que é isso que se está a fazer.
Importante será também denunciar casos de selecção apenas daquilo que cientificamente parece ajudar a apoiar certa posição e ignorar o resto. E importa explicar o que é a Ciência e para que serve (e não serve), para lutar contra as descaracterizações.
Politizar debates científicos significa torná-los debates políticos. Não significa transformar opiniões políticas em dados científicos.
A Ciência não nos diz como organizar a nossa comunidade. Poderá ajudar a explicar como atingir certos objectivos, ou quais os resultados prováveis de certas políticas. Poderá ajudar a perceber alguns limites físicos ao que se pretende. Mas as escolhas feitas sobre como organizar a comunidade não são científicas. São políticas. E não são fatalidades.
Muito bem.
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