Os argumentos de autoridade não são argumentos. A autoridade que uma pessoa tem não torna as suas posições necessariamente válidas ou correctas, nem as torna, caso seja essa a questão, mais próximas da realidade objectiva.
A aceitação acrítica da autoridade é um direito, mas a meu ver é o direito de deitar fora a nossa liberdade de pensamento - uma liberdade importante, logo para começar, no que toca à própria definição de quem nós somos e queremos ser. A aceitação acrítica da autoridade é assim uma forma de nos deixarmos definir pelo menos parcialmente por aquilo que outros dizem.
Enjeitar a nossa liberdade de pensamento tem consequências. Na prática, significa que deixamos que outras pessoas pensem por nós. Relativamente à autoridade em si, se os fundamentos dessa autoridade deixarem de ser examinados tempo suficiente, ela poderá continuar a ser respeitada, mas poderá tornar-se oca - e mais, não terá grandes incentivos a tentar melhorar.
Uma autoridade que não resista a crítica e apenas se sustente por ser autoridade significa bem pouco para mim. A autoridade que me interessa tem de ser conquistada pela força de verdadeiros argumentos, que de facto demonstrem a validade e a força de uma determinada posição. A autoridade que me interessa é aquela que resiste à crítica contra-argumentando, não apelando ao seu próprio estatuto.
A autoridade pela autoridade, essa, pode ficar para outros. E lá terá de aceitar ser criticada. Qualquer que seja o seu estatuto.
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