domingo, 26 de junho de 2011

A vida é gestão de risco

Toda a nossa vida estaremos presos à nossa condição humana, imperfeita por natureza. Não sabemos tudo. Com certeza absoluta, aliás, não sabemos nada. Mas temos de tomar decisões, toda a nossa vida será passada a tomar decisões, voluntárias ou involuntárias. No meio da incerteza, e sem controlarmos o que está à nossa volta (ou, por vezes, a nós próprios).

Essas decisões são tomadas com base nas nossas preferências e na informação de que dispomos. Os resultados das decisões que tomamos podem ser as que esperámos, podem ficar acima do esperado, ou podem ficar aquém do esperado. Quando fica aquém do esperado, temos uma crise. Pode ser uma pequena crise, ou pode ser uma grande crise. Mas é uma crise. 

Passamos a nossa vida a tentar criar mecanismos que mitiguem o risco inerente à tomada de decisões envoltas em incerteza, mecanismos esses que têm os seus próprios custos. Mas nenhum mecanismo mitiga por completo o risco, porque nunca teremos informação perfeita, porque nunca controlaremos tudo o que está à nossa volta, porque sempre seremos seres imperfeitos.

Ao longo da vida, as nossas expectativas não se vão ajustar ao que realmente se passa muitas, mas mesmo muitas, vezes. Vamos tendo crises. Vamos tendo que as ultrapassar.

[Resposta a duas observações, que poderão encontrar aqui e aqui.]

2 comentários:

  1. Estamos a falar de coisas completamente diferentes. Os liberais vivem num mundo imaginário de transparência perfeita. Infelizmente o mundo é opaco e alheio e há que viver golpe a golpe, porque o risco em que um cai vai aproveitar sempre a outro. Não há lutas leais como não há almoços grátis. Opinião amiga.

    a) Tio Luis Filipe

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  2. Não há transparência perfeita e não há informação perfeita, mesmo para um liberal.

    O facto de ter havido gente a viver em modelos matemáticos não significa que o Liberalismo defenda que esses modelos sejam a realidade.

    O que um liberal defende é a descentralização no que toca ao processamento da informação que se encontra disponível, na medida do possível, e a conseguinte descentralização na tomada de decisões. Por vários motivos, que podem ficar para outra altura.

    Uma coisa são os modelos, outra coisa é a realidade.

    Um liberal sabe distingui-los. Uma pessoa que lucre fingindo que não os sabe distinguir, finge que não sabe, reagindo aos incentivos perversos que lhe foram dados.

    A crise financeira tem muito que se lhe diga. E o Relatório Larosière (por exemplo) diz muito.

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