José Sócrates demitiu-se de Secretário-Geral do PS e não vai ser deputado depois do PS ter tido o seu pior resultado em eleições legislativas desde 1987. Assumiu as responsabilidades da derrota e saiu de cena, afirmando que não pretende sequer assumir o lugar de deputado.
O discurso final do nosso ainda Primeiro Ministro foi pleno de emoção, de combatividade e de optimismo, mas não são essas suas palavras de despedida que apagam os erros estratégicos que cometeu. Fez bem em afastar-se, até pelos motivos que apontou. Mas não será esquecido o que aconteceu a partir de 2007, quando o impulso reformista de 2005-6 começou a ser substituído por um impulso eleitoralista, que teve o seu apogeu em 2009. Nem será esquecida a forma como adiou o pedido de ajuda externa, preferindo ir de PEC em PEC.
O novo Secretário Geral do PS, qualquer que ele seja, deve ter memória institucional. Deve lembrar-se que foi um Governo do PS que negociou o Memorando, e que foi também um Governo do PS que o assinou. Qualquer procura de afastamento em relação ao Memorando será um oportunismo que pode custar caro ao país, especialmente relativamente a medidas que poderão necessitar de reformas constitucionais para serem correctamente implementadas. Finalmente temos um programa de reformas estruturais, é bom que o PS recupere agora, mesmo na Oposição, o impulso reformista de 2005-6.
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António José Seguro, Francisco Assis e António Costa. São estes os nomes que se perfilam na imprensa como potenciais candidatos à liderança. Veremos quem avança efectivamente e o que diz sobre o futuro do PS e do país, numa altura de crise em que o PS terá de ser uma Oposição responsável, e não uma Oposição demagógica.
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