quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Confiança e Pedro Marques

Pedro Marques, ex-Secretário de Estado da Segurança Social, teve das intervenções mais infelizes durante o debate de hoje sobre o programa do Governo. O argumento de que o Governo anunciar que vamos estar em recessão vai ajudar a causar essa mesma recessão e pôr em causa a confiança, e de que é mau para a confiança anunciar uma medida que vai ter efeitos no Natal já em Julho, é, levado ao seu limite lógico, uma apologia à obscuridade, à falta de transparência, ao anúncio-surpresa de medidas à última da hora como forma de gerar confiança.

Isto é, pura e simplesmente, falso. Como bem disse o nosso novo Ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, aquilo que gera confiança é a transparência. E a discussão de dados e números públicos que os investidores já conhecem previamente não tem efeitos negativos na confiança. Antes pelo contrário, a sua não discussão, a sua ocultação, a obscuridade de que Pedro Marques essencialmente fez a apologia, isso sim causa quebras de confiança nos investidores (e na população, já agora).

Além disso, é evidente que as pessoas vão reagir ao anúncio de um novo imposto sobre o subsídio de Natal. Pelos vistos, segundo Pedro Marques, é má ideia dar tempo às pessoas para se preparem para as medidas que se vão tomar. É preferível deixá-las pensar que iam ter esse rendimento disponível e depois, para sua surpresa (bastante desagradável, usando um eufemismo), chegarem à conclusão que não o terão disponível, mas apenas e só em Dezembro, quando nada podem fazer sobre isso...

A intervenção de Pedro Marques teoriza a actuação do Governo anterior. Os resultados da actuação do Governo anterior estão à vista, em particular no que toca à confiança.

Esperemos que Pedro Marques não volte ao Governo. E que o espírito de Pedro Marques, e outros que pensam como ele, não comece a servir de inspiração ao Governo actual.

P.S. Ao ouvir a intervenção de Basílio Horta, ouço um fantasma do passado que ainda nos assombra hoje, lembrando-nos a cada palavra sua porque é que estamos como estamos: endividados até ao tutano, em recessão (e antes disso, estagnados durante anos), pouco competitivos, nada produtivos, e pobres.

1 comentário:

  1. O discurso de Pedro Marques foi, de facto, arrepiante. E muito tenho a louvar o Vitor Gaspar porque soube manter a postura e o discurso coerente, o que mostra que, ao contrário dos boys do PS, não tem pressões que lhe toldam o raciocínio.

    Criticar o facto de uma medida ser anunciada com 6 meses de antecedência... não haverá leis contra a cretinice?

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