José Pacheco Pereira diz que sabe que há Estado a mais em muitos sectores, e Estado demasiado fraco onde devia ser mais forte. Diz, escreve e afirma tudo isto nos locais mais variados.
O referido historiador e ainda deputado é um grande apoiante de Manuela Ferreira Leite. Esta ficou sobejamente conhecida por desprezar a discussão de propostas concretas, e preferir falar em generalidades, uma forma de fazer política que Pacheco Pereira também parece apoiar.
Diz da actual direcção do PSD que é demasiado tecnocrática, que apresenta um programa demasiado detalhado e inexequível, posição idêntica à que tem relativamente ao programa da Troika. Diz que o Estado não é uma empresa. E já disse também que considerava o programa do CDS-PP mais «realista».
Ora bem, este tipo de atitude é precisamente aquele que nos leva à estagnação. Numa altura de crise, em que vamos ter a oportunidade, implementando nós o programa da Troika, de reestruturar a nossa economia no sentido do desenvolvimento sustentável, precisamos que quem queira a mudança a defenda convictamente. Ficar sentado a falar de especificidades portuguesas ou de quão impossível é mudar não muda nada.
É à custa deste tipo de atitude, de falta de coragem política, de falta de uma verdadeira visão para o país, que acabámos onde acabámos. Não basta fazer o que Manuela Ferreira Leite fez enquanto líder, e que Pacheco Pereira aplaudiu, que foi falar em generalidades e fazer diagnósticos. É preciso, mesmo, por muito que isso custe, explicar o que se pretende fazer para resolver os problemas.
Quando Manuela Ferreira Leite foi Ministra das Finanças, aquilo que fez foi aplicar as célebres «medidas extraordinárias» de contenção do défice, quando o que se pedia eram reformas estruturais, independentemente de na altura a situação não ter escalado ao ponto em que estamos hoje (aliás precisamente para a evitar). É em medidas extraordinárias e avulsas deste género que redunda aquilo que Pacheco Pereira defende. E não é disso que precisamos, muito menos em tempo de crise, se quisermos mudar alguma coisa em Portugal.
O programa da Troika deve ser implementado, e deve haver um Governo de maioria que tenha a capacidade de o fazer. Esse Governo deve ser capaz de defender perante o Parlamento e os cidadãos aquilo que está a fazer, e não simplesmente pedir desculpa ou afastar-se das medidas que vai aplicando. Deve ser claro e transparente na forma de actuação. E deve aplicar as propostas concretas que foram feitas, e não viver de generalidades ditas «realistas».
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