sexta-feira, 24 de junho de 2011

Federalismo e Defesa

Os EUA estão com problemas orçamentais, e isso tem implicado uma procura de sítios onde cortar. Ora, uma área onde poderão cortar é a área da Defesa, e, dentro dela, a área onde mais facilmente o farão será em despesas relacionadas com a NATO. Principalmente por verem os Europeus a serem protegidos pela NATO, mas sem verdadeiramente contribuírem para esta.

Acontece que, de facto, na Europa, há relutância em gastar dinheiro com as Forças Armadas, relutância essa que eu partilho. Além disso, o dinheiro gasto em Forças Armadas é gasto de forma ineficiente, em 27 forças armadas separadas que, precisamente por estarem separadas, não têm grande capacidade de projecção de força. Isto para não falar da falta de visão estratégica na UE no que toca a política de Defesa.

Num contexto de globalização, e de problemas orçamentais, no entanto, já há passos no sentido de maior cooperação (veja-se o caso do Reino Unido e da França no que toca a armas nucleares), e o próprio Tratado de Lisboa prevê mecanismos de cooperação na área de Defesa. No limite, eu gostava de ver uma força armada europeia federal (e também uma política externa europeia integrada). Enquanto isso não acontecer (e não é fácil isto acontecer), devemos apostar na cooperação.

Afinal de contas, para que é que os 27 Estados Membros querem uma força armada nacional que, ainda por cima, não é propriamente muito capaz, no contexto actual? Não se vão invadir uns aos outros, nem vão invadir países fora da União. Não se vão defender uns dos outros. E para se defenderem do exterior, uma força armada europeia é melhor do que 27 forças armadas nacionais. (Não defendo, além disso, que devamos ignorar a NATO - a UE federal seria parte da NATO, e a força armada europeia contribuiria para a NATO.)

Um dos objectivos fundamentais da UE é conseguir paz duradoura na Europa. Maior cooperação ao nível das forças armadas, precisamente os instrumentos utilizados para fazer a guerra, seria um passo importante nesse sentido. E ajudaria também no que toca a questões orçamentais, como vantagem extra.

Sei que não é uma visão maioritária, e que o apelo da «soberania nacional» ainda se faz sentir. Mas nestes tempos que correm, os europeus vão ter de fazer escolhas no que toca ao financiamento da sua Defesa, num contexto de problemas orçamentais e dos EUA já se encontrarem renitentes a continuar a financiar, essencialmente, a defesa europeia.

É uma escolha que devemos fazer de olhos abertos. E devemos olhar para todas as alternativas possíveis.

Sem comentários:

Enviar um comentário