Por diversas vezes já se abordou aqui no blogue a importância do debate público em democracia e a importância da comunicação social nesse debate, bem como as falhas desta última (ver, por exemplo, aqui, aqui, aqui, aqui ou aqui).
O tema é particularmente importante num momento de crise como este, em que é fundamental que a informação passe de forma correcta para a população, quer seja positiva, quer seja negativa. Isto implica particular cuidado para garantir a correcção técnica dos textos jornalísticos, mas também, e particularmente, a correcção dos títulos.
Num dia atarefado, muita gente terá apenas tempo ou paciência para passar os olhos rapidamente pelas notícias, lendo algumas que atraiam a atenção particularmente, mas ficando-se pelos títulos relativamente às outras. Títulos bombásticos e enganadores, que até podem estar em contradição com o texto, levam a equívocos. Principalmente se o título for uma citação truncada de um certo indivíduo que leva a que a citação perca o seu contexto.
O que também leva a equívocos é a insistência em simplificar tudo de tal forma que se altera o sentido do que foi dito ou se, no processo, se perde informação para a compreensão do que está em causa. Porque depois, como é evidente, o que vai ser debatido vai ser o conteúdo da notícia, ou até do seu título, e não aquilo que foi dito. O que tanto pode aproveitar a quem fez ou ao seu opositor.
Os jornalistas têm um poder imenso no que toca a moldar a opinião pública, balizando os debates públicos que vamos tendo em democracia. Têm uma capacidade bastante grande de delimitar o «campo de batalha» no qual os argumentos vão ser esgrimidos e, até, para decidir como esses argumentos vão ser apresentados ao público em geral. E a esses poderes vem associada, como não podia deixar de ser, uma imensa responsabilidade.
É fundamental que os nossos meios de comunicação social se lembrem dessa responsabilidade quando preparam os seus conteúdos. Porque o bom funcionamento da democracia depende, também, disso mesmo.
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