quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Deputado Come Criancinhas (II)

O poder da comunicação social para moldar o debate público, por exemplo definindo os seus contornos, está ligado ao nível de confiança que o grande público deposite naquilo que lhe é transmitido. Ao mesmo tempo, está também relacionado com o facto de existir especialização: o cidadão médio não tem tempo para investigar toda a informação mediática que consome. (Aliás, daí a existência de meios de comunicação social especializados.)

Claro que a confiança do público na comunicação social é afectada pela sua predisposição à aceitar a mensagem que está a ser transmitida. Dito de outra forma: é bem mais fácil confiar em alguma coisa com a qual se concorda à partida ou para a qual se tem alguma predisposição em acreditar. E mais: gostando do que lêem, as pessoas tenderão a utilizar esse meio de comunicação social, qualquer que ele seja.

Daí que uma boa forma de atrair público seja repetir sabedoria convencional, dado ser informação com a qual as pessoas estão perfeitamente confortáveis. E o poder da comunicação social em disseminar sabedoria convencional é tanto maior quanto maior seja o nível de especialização e menor seja o nível de escrutínio à sua actividade. Daí também, aliás, a importância da disseminação de outros meios de acesso a informação (como os blogues, por exemplo) que se dedicam a criticar os meios de comunicação social tradicionais e da auto-crítica constante em todos os meios de comunicação social.

Uma democracia saudável precisa de meios de comunicação social que sejam capazes de informar e de questionar tudo e todos, dentro dos limites do Estado de Direito. Precisamos ainda de meios de comunicação social que sejam capazes de fazer as perguntas difíceis a qualquer lado do debate. Finalmente, precisamos de meios de comunicação social auto-críticos e que sejam mais do que repositórios e transmissores de sabedoria convencional.

3 comentários:

  1. Uma democracia saudável precisa de meios de comunicação social que sejam capazes de informar e de questionar tudo e todos,

    um misto de tal e qual e jornal do crime

    com uns picos de correio da manhã e jornal do incrível?

    isso é a comunicação social ou a pevide?

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  2. meios de comunicação social auto-críticos....nem os evoluídos maçons conseguem fazer uma auto-crítica

    quanto mais essa canalha a soldo
    papparazi é gente de maus costumes
    alcoviteiros dignos de pregão e baraço

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  3. SongTheSangue: A PIDE era uma polícia política que era utilizada para impedir a liberdade de expressão. O que está aqui a ser defendido é que deve existir liberdade de expressão e que esta tem de incluir a coragem da parte da comunicação social de fazer perguntas difíceis e também ser menos sensacionalistas (embora, havendo liberdade de expressão, vão existir jornais sensacionalistas e pronto, não discuto isso).

    gogol de kapote: Não concordo consigo, como deve imaginar, mas penso, pelo tom da sua resposta, que vamos ter de concordar em discordar.

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