terça-feira, 17 de julho de 2012

Humor subversivo

O humor que quebra tabus é dos mais deliciosos. E dos mais reveladores. Porque destrói as convenções sociais e as elaboradas fachadas que criamos em torno dos mais variados temas. Subverte-as. Leva-nos a rir das coisas mais horríveis, simplesmente jogando com o inesperado. Com a incredulidade de que alguém está, de facto, a dizer aquilo. E pior - que nos está a fazer rir.

Andamos por aí a tentar desesperadamente a manter aparências. A criar várias pessoas para vários contextos, agindo em conformidade com aquilo que a sociedade espera de nós. A lutar por nos mantermos respeitáveis aos olhos dos nossos pares, quer estes pares usem fato e gravata ou vistam túnicas e pintem o cabelo de verde.

O humor subversivo destrói as aparências. Choca. Confronta-nos com o facto de nos estarmos a rir de coisas de que não se pode falar porque são horríveis, terríveis e horrorosas. Mostra que é possível fazer humor com temas que por muitos são considerados como intocáveis. Que é possível rir de piadas com premissas em tragédias. Que é possível destruir, com o humor, a hipocrisia de muita gente.

O humor subversivo pode bem ser uma arma política. E uma arma política bem poderosa. Particularmente se for bem pensado e executado, bem feito e bem chocante. E se tiver piada. Essa qualidade difícil de definir e que tanto varia de pessoa para pessoa, mas que é condição necessária para que o humor seja humor: de algum modo, de alguma forma, tem de ter piada.

Rir-nos daquilo que não nos devemos rir enquanto alguém diz aquilo que nunca deveria dizer em conversa educada é uma forma de escapar às convenções sociais do dia a dia. No seu melhor, é uma revolta contra a banalidade, contra a rotina, contra o «mores» social. É uma poderosa ferramenta de gozo pessoal e colectivo, uma forma da sociedade e os seus membros não se levarem demasiado a sério.

O humor subversivo pode ser bem ofensivo e pode escandalizar muita gente. E pode, simplesmente, não ter piada. Preocupa-me mais a segunda do que a primeira. Por razões egoístas. É difícil uma piada escandalizar-me - há demasiadas coisas sérias que me escandalizam. Mas quando vejo algo humorístico, prefiro achar piada. O meu objectivo ao ver aquilo tende a ser rir-me, afinal de contas.

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