segunda-feira, 2 de julho de 2012

Basta Repetir

Basta repetir. Muitas vezes. Repetido vezes suficientes, tudo parece verdade. Pelo menos, mais verdadeiro do que aquilo que é repetido menos vezes. Por isso, basta repetir. Repetir, repetir, repetir. E repetir mais uma vez.

De um lado, temos um grupo que repete a sua posição. Do outro, temos um grupo que repete a posição contrária. Pelo meio, temos repetições constantes. As posições não se cruzam, não entram em confronto. São repetidas. Uma e outra vez.

A repetição cria a convicção de correcção. Não esquecer: a repetição cria a convicção de correcção. E mais uma vez: a repetição cria a convicção de correcção. Porque é assim que funciona o nosso cérebro. Esse complexo órgão, o nosso cérebro. Funciona assim.

Funciona de tal forma que basta repetir alguma coisa vezes suficientes para que pareça fazer todo o sentido. E se tivermos muita gente a repetir ao mesmo tempo, o efeito é amplificado. Qualquer que a posição seja. Qualquer que a nossa posição seja. Resistir a repetições constantes vindas de um pouco por todo o lado não é fácil.

Não é fácil porque significa que temos de afrontar opiniões contrárias. Porque temos de afrontar opiniões maioritárias. Porque temos de afrontar opiniões minoritárias. Porque temos de afrontar opiniões convictamente apresentadas, por muitas falácias lógicas que as acompanhem. 

Aquilo que ouvimos ser repetido mais vezes depende dos meios pelos quais nos movimentemos. O nosso filtro, o nosso espírito crítico, é a nossa defesa contra as constantes repetições. É o escudo que podemos usar para impedir o nosso cérebro de ser assoberbado por posições contrárias, todas elas repetidas até à exaustão de forma convicta.

Basta repetir. Muitas vezes. Repetido vezes suficientes, tudo parece verdade. Pelo menos, mais verdadeiro do que aquilo que é repetido menos vezes. Por isso, basta repetir. Repetir, repetir, repetir. E repetir mais uma vez.

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