quarta-feira, 18 de julho de 2012

Ainda o Bispo das Forças Armadas e a Corrupção

aqui falei sobre as intervenções desprovidas de conteúdo substantivo do Bispo das Forças Armadas, mas queria tecer algumas considerações adicionais especificamente sobre o referido Bispo.

O Bispo das Forças Armadas encontra-se sujeito a dever de reserva por se encontrar inserido na hierarquia militar. Dever de reserva que desrespeita ao acusar o Governo de corrupção, por exemplo.

Politicamente, é difícil punir o Bispo pela violação desse dever de reserva. Ter-se-ia de explicar para que serve o dever de reserva por entre um coro de assobios e de acusações de censura, elevar-se-ia ainda mais a importância daquilo que foi dito, e dar-se-ia ainda mais público ao Bispo e às suas acusações.

Por outro lado, este género de acusações deviam servir para o Governo redobrar esforços para, agindo, demonstrar a sua falsidade. Claro que haverá sempre gente que, faça o que o Governo fizer, vai sempre pensar que este o faz por maldade ou por motivos obscuros (incluindo corrupção). Mas apenas ajudará a situação do Governo este agir da forma o mais transparente possível.

Seria essa a melhor resposta às acusações do Bispo. Seria também a melhor forma de responder à investigação do DCIAP sobre a privatização da REN e da EDP, com a qual o Governo deveria cooperar o mais possível, de forma a que tudo fique esclarecido.

Mencionei no artigo anterior que o Bispo das Forças Armadas é livre de se demitir. De facto, se considera mesmo que o actual Governo é corrupto, o que o leva a manter-se na posição que tem? Além disso, se sabe tanto sobre a corrupção do actual Governo, devia apresentar as provas que tem ao Ministério Público, para que sejam investigadas.

Caso não tenha provas daquilo que afirma, estaremos simplesmente no domínio do assassínio de carácter através da utilização de acusações e rumores que jogam com uma percepção popular da política já de si muito negativa. Estamos no domínio da suspeição alargada a todos os políticos, em particular aqueles que estão no Governo, com base no facto do Bispo das Forças Armadas não gostar dessas pessoas.

O lançamento de suspeitas e acusações genéricas em nada ajuda o combate à corrupção em Portugal. Em nada ajuda a resolver os problemas com os quais nos deparamos. E parece apenas uma repetição em grande escala do tipo de coisa que se diria aos amigos e conhecidos à mesa do café. É para isto que temos um Bispo das Forças Armadas?

1 comentário:

  1. Diria mesmo mais, para que é que há sequer um bispo oficial das forças armadas inserido naquela hierarquia? Mas tendo em conta que quase temos uma religião de estado nada disto me admira.

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