Este post teve como mote uma discussão iniciada no facebook entre mim e o Diogo Santos sobre as virtudes e defeitos do sistema padrão-ouro e o sistema que temos actualmente. Já anteriormente o Diogo tinha exposto aqui as virtudes de tal sistema, sem nomear o sistema monetário subjacente ao mesmo: o padrão-ouro. Que no fundo é aquele que garante “uma acumulação de capital crescente e logo uma economia mais rica e eficiente remete para poupanças e preços de mercado reais, garantidos por uma massa monetária estável”.
E se eu concordo com a ultima parte, tenho sérias dúvidas se sobre o padrão-ouro estaremos numa economia mais rica. Comecemos então pela parte positiva.
Sem dúvida que num sistema de padrão-ouro, a massa monetária seria mais estável. Dado que a quantidade de ouro é, por enquanto, finita e estável, tais seriam as caracteristicas da massa monetária. Neste sistema a inflação apenas ocorreria pela introdução de novo ouro ou pela escassez natural ou catastrófica de determinado produto.
Até aqui tudo bem. Sem dúvida preços estaveis são um factor importante para os negócios e para o investimento. No entanto não são o único. Algo que aconteceria também é que com a inovação tecnológica (como a que ocorreu no século passado, com mais intensidade no ultimo quarto) teriamos uma economia deflacionária. Tal economia tem um impacto significativo na questão do investimento.
E comecemos uma vez mais no ponto positivo. Uma economia deflacionária beneficia a criação de poupança o que por sua vez aumentaria o consumo de bens de capitais. No entanto, qualquer investimento é feito tendo em linha de conta duas coisas:
1) o consumo futuro: este será sempre estimado tendo em linha de conta o consumo presente. Ora num sistema de padrão-ouro ele será sempre menor do que no sistema actual, pelo que o investimento em bens de capitais será sempre menor que o presente;
2) o risco: neste sistema quem estabelece o preço é quem poupa (não existe tanto intermediários para mitigar os riscos) logo será sempre um perfil de risco de crédito muito menor que o actual. (Aliás, grande parte da poupança poderia nem sequer ser utilizada, o que levaria a um desperdicio tremendo de recursos existentes, mas esta é uma outra questão). Muito resumidamente, menos propensão ao risco, menos apetência potencial para comprar bens de capital inovadores, que pela suas caracteristica apresentam um risco mais elevado.
O sistema actual (o europeu) é aquele que mitiga estes problemas, mantendo as caracteristicas positivas do padrão-ouro. Ao estabelecer um sistema em que a inflação, embora existente, é controlada e baixa, consegue manter uma politica de preços estáveis sem no entanto diminuir a capacidade de investimento da sociedade. É sem duvida um sistema mais arriscado que o padrão-ouro, no entanto como qualquer opção quanto maior o risco, maior o retorno esperado.
Dificilmente, num sistema padrão-ouro ideias tão tresloucadas como um telefone sem fios ou a internet, teriam tido o desenvolvimento actual. As biotecnologias não seriam sequer miragens e provavelmente nem sequer teriamos a discussão sobre energias alternativas. Era um mundo mais prudente, mas também um mundo menos rico...
Portanto, como tudo na vida, é uma questão de optarmos por que tipo de sociedade pretendemos viver. Não existe uma solução perfeita.
P.S. Sem esquecer que em ultima análise o padrão-ouro é uma norma, e como qualquer norma ela existirá até que pretendam que exista. Sendo que a história já nos provou que tal padrão terá sempre um tempo finito de aceitação.
E se eu concordo com a ultima parte, tenho sérias dúvidas se sobre o padrão-ouro estaremos numa economia mais rica. Comecemos então pela parte positiva.
Sem dúvida que num sistema de padrão-ouro, a massa monetária seria mais estável. Dado que a quantidade de ouro é, por enquanto, finita e estável, tais seriam as caracteristicas da massa monetária. Neste sistema a inflação apenas ocorreria pela introdução de novo ouro ou pela escassez natural ou catastrófica de determinado produto.
Até aqui tudo bem. Sem dúvida preços estaveis são um factor importante para os negócios e para o investimento. No entanto não são o único. Algo que aconteceria também é que com a inovação tecnológica (como a que ocorreu no século passado, com mais intensidade no ultimo quarto) teriamos uma economia deflacionária. Tal economia tem um impacto significativo na questão do investimento.
E comecemos uma vez mais no ponto positivo. Uma economia deflacionária beneficia a criação de poupança o que por sua vez aumentaria o consumo de bens de capitais. No entanto, qualquer investimento é feito tendo em linha de conta duas coisas:
1) o consumo futuro: este será sempre estimado tendo em linha de conta o consumo presente. Ora num sistema de padrão-ouro ele será sempre menor do que no sistema actual, pelo que o investimento em bens de capitais será sempre menor que o presente;
2) o risco: neste sistema quem estabelece o preço é quem poupa (não existe tanto intermediários para mitigar os riscos) logo será sempre um perfil de risco de crédito muito menor que o actual. (Aliás, grande parte da poupança poderia nem sequer ser utilizada, o que levaria a um desperdicio tremendo de recursos existentes, mas esta é uma outra questão). Muito resumidamente, menos propensão ao risco, menos apetência potencial para comprar bens de capital inovadores, que pela suas caracteristica apresentam um risco mais elevado.
O sistema actual (o europeu) é aquele que mitiga estes problemas, mantendo as caracteristicas positivas do padrão-ouro. Ao estabelecer um sistema em que a inflação, embora existente, é controlada e baixa, consegue manter uma politica de preços estáveis sem no entanto diminuir a capacidade de investimento da sociedade. É sem duvida um sistema mais arriscado que o padrão-ouro, no entanto como qualquer opção quanto maior o risco, maior o retorno esperado.
Dificilmente, num sistema padrão-ouro ideias tão tresloucadas como um telefone sem fios ou a internet, teriam tido o desenvolvimento actual. As biotecnologias não seriam sequer miragens e provavelmente nem sequer teriamos a discussão sobre energias alternativas. Era um mundo mais prudente, mas também um mundo menos rico...
Portanto, como tudo na vida, é uma questão de optarmos por que tipo de sociedade pretendemos viver. Não existe uma solução perfeita.
P.S. Sem esquecer que em ultima análise o padrão-ouro é uma norma, e como qualquer norma ela existirá até que pretendam que exista. Sendo que a história já nos provou que tal padrão terá sempre um tempo finito de aceitação.
João, os teus erros dedutivos de volta da deflação são gravíssimos. A tua ideia sobre a redução do risco no padrão ouro soa muito a "armadilha da liquidez". A partir daí todo o teu texto deixa de fazer sentido.
ResponderEliminarPoderia vir aqui explicar-te como a deflação é boa e é também universal a todas as culturas ou como a inovação também surgiu em todo o lado mesmo na ausência de fiat-money, mas se não lês Mises ou Hazlitt, nada me garante que vás ler o que escrevo.
Não sendo o João Cardiga, convido-o na mesma a fazer uma resposta mais completa ao artigo que ele aqui escreveu.
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