terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O pensamento mágico

O pensamento mágico é muito aberto. Tão aberto que entra lá tudo e mais alguma coisa, excepto aquilo que é previsível e empiricamente demonstrável. Entra, principalmente, a noção de que basta acreditar e querer muito para as coisas acontecerem.

O pensamento mágico é tentador. É aplicado a tudo e mais alguma coisa, por entre insultos e acusações a quem tente manter os pés assentes na terra. Aplicado à Economia, resulta no princípio de que existem almoços grátis. Aplicado ao Direito, resulta na ideia de que o risco pode ser eliminado. Em Medicina, resulta na abundante venda de banha da cobra.

O pensamento mágico é perigoso. Cria ilusões e evita que problemas sejam resolvidos, a nível individual ou colectivo. A supressão da racionalidade facilita a submissão acrítica a todo o tipo de crenças, bem como o seguidismo puro e duro. Os problemas ficam por resolver, com tendência para piorar, e as pessoas ficam convencidas que tudo está bem.

Aqueles que promovem o pensamento mágico podem genuinamente acreditar no que dizem ou simplesmente estar a aproveitar-se. Em ambos os casos, aquilo que fazem é um problema, que pode facilmente destruir vidas, sem que ninguém seja responsabilizado.

O pensamento mágico não nos vai tirar da crise. As ilusões são agradáveis, certamente, por fingirem tornar simples problemas que são complexos. Mas os problemas não são simples por nós querermos e acabamos sem os resolver.

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