Os mercados não acalmam em relação a Portugal, dizem notícias espalhadas um pouco por todos os jornais do país (e de fora do país). Apesar das medidas tomadas pelo Governo, apesar de todos os sacrifícios de que o Governo e os vários partidos vão falando, os mercados não abrandam, e demonstram contínua desconfiança em Portugal.
Ora, importa tornar claro que estamos a falar aqui em emprestar dinheiro a um país que, quando se fala de cortes na despesa pública, fala de cortes no ritmo a que a despesa cresça. Trocado por miúdos: a despesa continua a crescer, mas agora cresce mais devagar. Entretanto, vamos tentando resolver as coisas com aumentos de receita.
Quem nos empresta dinheiro não olha simplesmente para o que o Governo vai dizendo ou para as medidas que vai anunciando. Olha para o que é efectivamente implementado. Pequenos pormenores como o fundo de pensões da PT não passam despercebidos, nem o facto de serem necessários PEC sucessivos e de, mesmo assim, ainda nos virmos e desejarmos para reformar o que seja.
A crise de financiamento do Estado está intimamente ligada ao modelo de desenvolvimento económico que escolhemos, enfaticamente assente no Estado e nos seus subsídios, em detrimento do sector privado. Aquilo que vai fazer os juros baixar vai ser a implementação de medidas que reformem verdadeiramente o Estado. Medidas como a extinção de cargos que não estavam efectivamente a ser executados, embora necessárias, apenas demonstram a verdadeira dimensão do problema.
Os mercados não acalmam porque, por muito que se apregoe o contrário, não lhes temos dado motivos para se acalmarem. Quem investe em dívida portuguesa precisa de saber que o dinheiro lhe será pago de volta, e o risco disso não acontecer só vai diminuir se começarmos a fazer reformas profundas, as célebres reformas estruturais. Enquanto só houver anúncios, não há grande razão para acalmia, quer para os mercados, quer para nós cidadãos.
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