Devia ter passado.
Ainda há quem viva num mundo em que a «família tradicional», uma pequena família idealizada, deve ser a única reconhecida como legítima. Que o Estado deve continuar a desconfiar de relações homossexuais no que toca a deixar casais homossexuais criar e educar crianças. Quem pense que a sua noção de família não só é a única legítima, como todas as outras devem ser tratadas com desprezo.
Já temos o casamento entre pessoas do mesmo sexo, devíamos ter também a adopção por pessoas do mesmo sexo. Os casais homossexuais não são, simplesmente por o serem, menos dotados que os casais heterossexuais no que toca à educação de uma criança. E não devem ser afastados de consideração simplesmente por serem homossexuais.
Vivemos numa sociedade plural e é tempo de o Estado deixar de tentar impor as regras morais de alguns sobre a comunidade inteira, sob o manto da moralidade pública e da protecção de crianças. Porque ainda estou para perceber porque é que é tão terrivelmente perigoso deixar uma criança a ser cuidada por dois homens ou duas mulheres que a amem verdadeiramente e que tratem dela com o devido zelo e carinho.
Tongue-twister: aquilo que torna isso perigoso, João, é o mesmo que está na origem da derrota do projecto-lei, ainda que quem o derrotou o não saiba: é haver uma quantidade de pessoas que o acham perigoso (ou simplesmente acham "antinatural") tal que os seus representantes na AR o derrotam.
ResponderEliminarIsto é :P há uma animosidade latente na sociedade relativamente a esta questão, pelo que possivelmente uma criança adoptada por um casal de pessoas do mesmo sexo teria porventura uma desvantagem à partida, não com origem directa nos pais, mas no meio envolvente.
No entanto, os pais-to-be são, em princípio, pessoas crescidinhas e conscientes...
Isso é um círculo vicioso.
EliminarNada vai mudar enquanto a lei não mudar.
A lei não vai mudar enquanto o meio envolvente não mudar.
Ficamos parados.
Diga-se que o sistema de adopção em Portugal poderia bem ser revisto de alto a baixo. Isto seria mais uma alteração a várias que poderiam ser estudadas.
Luis, acertas-te na mouche!
EliminarEu na minha escola cheguei a ter problemas, porque fui durante algum tempo o único caixa-de-óculos...
João, tenho um amigo trantão como eu, que a mulher é insuficiente renal e estão a tentar adoptar há já algum tempo. Com toda a certeza que ele concorda contigo que o sistema de adopção tem que ser reformado e amanhã irá atacar os políticos que andaram a perder tempo com isto, como se não existissem coisas mais importantes para decidir.
Ou seja, as pessoas nas escolas são sujeitas a pressões sociais várias, incluindo por coisas tão comezinhas como usarem óculos ou não, pelo que isso não é motivo para não se alterar uma lei injusta e errada.
EliminarDa mesma forma que o sistema de adopção precisar de melhorar não significa que uma das melhorias seria precisamente esta: a de permitir a mais gente com vontade e capacidade de adoptar o acesso ao sistema.
A questão é que para os politicos qu8e propuseram isto esta é uma mudança prioritáriam e não a mudança e a desburocratização do acesso ao sistema.
EliminarO pior é que gente com outra visão, outros que não os Telmos, podiam inverter isto e no final aproveitar para fazer contrapropostas reformadoras, mas infelizmente só temos yes-men...
Convido a assinar a petição pela legislação da parentalidade por casais do mesmo sexo:
ResponderEliminarhttp://www.avaaz.org/po/petition/Legislacao_da_Parentalidade_por_Casais_do_Mesmo_Sexo_em_Portugal/?fMitKbb&pv=9