terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

4000 militares

Parece que o Ministro da Defesa anunciou um reforço de 4000 militares. Porque o Governo quer renovar as Forças Armadas enquanto poupa em desperdícios e gorduras, ao mesmo tempo que dota as nossas forças armadas, supostamente, de maior capacidade operacional.

Esta notícia surge no contexto de contestações que associações de militares têm feito ao Ministro e parece-me que esta parece ser uma resposta do Ministro às críticas que lhe estão a ser feitas.

Pessoalmente, a meu ver, as nossas Forças Armadas são um custo com o qual podíamos bem não viver. Penso que devíamos ter Forças Armadas europeias. Com isto, pouparíamos dinheiro e teríamos Forças Armadas que teriam, muito provavelmente, capacidade operacional a sério.

Contratar 4000 militares nestes tempos de corte e de austeridade é, de qualquer forma, um erro, assumindo que o Governo vai mesmo fazer o que a notícia diz. É um erro porque o dinheiro gasto nestas contratações seria mais bem gasto em praticamente quase tudo o que se possa pensar.

E não basta falar de «gorduras e desperdícios». Isso é conversa vazia de conteúdo. Mesmo não se avançando para Forças Armadas federais, e sendo preciso um plano de redução de custos para as Forças Armadas (se existe, desconheço-o, mas duvido que exista), a solução europeia continua em cima da mesa.

O Reino Unido e a França cooperam activamente na área nuclear e com isso poupam imenso dinheiro. Não poderíamos nós cooperar com Espanha ou com outros países com o mesmo desígnio? No quadro da União Europeia, isto não é apenas possível, é também desejável do ponto de vista do estreitamento de relações entre os Estados Membros numa área tradicionalmente vista como um dos epicentros da soberania.

Em vez de anunciar este tipo de medidas naquilo que parece uma resposta a uma carta de uma associação militar (curioso conceito que coloca em causa as hierarquias, mas enfim), acompanhadas de conversas sobre gorduras e desperdícios, o Ministro da Defesa serviria melhor o país se fizesse um plano de contenção de custos a sério para as Forças Armadas. Será isso pedir muito do Ministro?

Esperemos para ver. (Sentados, naturalmente.)

2 comentários:

  1. A França e o Reino Unido cooperam por razões económicas. TÊm arsenais antiquados e quase obsoletos e manter capacidade operacional sozinho seria incomportável para qualquer um dos Páises.
    Sinceramente, sinto que as Forças Armadas são um investimento em Segurança, que é um vector esquecido pelos nossos políticos. Veremos se a realidade orçamental permite que isto passe do anúncio à prática o que duvido.

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    1. É evidente que o Reino Unido e a França cooperam por razões financeiras. É precisamente isso que eu digo que eles fazem. E acho muito bem que façam.

      Nós devíamos fazer algo do género. Isso sim, seria investir nas Forças Armadas. Porque as Forças Armadas precisam de escala para terem efectiva capacidade operacional - escala que teriam ao nível da UE.

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