Primeiro, anuncia-se um corte em alguma coisa.
Depois, quem é directamente afectado e prejudicado pelo corte vem dizer que é imediatamente e directamente prejudicado pelo corte, que o corte é cego e injusto, que aquilo que vai ser cortado é essencial, e que portanto devia cortar-se noutro lado.
Diz-se que se deve cortar nas «gorduras».
Seguidamente, há uma cedência, e anuncia-se que se vai cortar noutra coisa.
E de novo, quem é directamente afectado e prejudicado pelo corte vem dizer que é imediatamente e directamente prejudicado pelo corte, que o corte é cego e injusto, que aquilo que vai ser cortado é essencial, e que portanto devia cortar-se noutro lado.
Diz-se que se deve cortar nas «gorduras».
Há nova cedência, e anuncia-se que se vai cortar ainda noutra coisa.
E assim por diante.
Pelo meio, sempre quem anuncie os cortes vai ser chamado de «fascista», «ultraliberal», vai-lhe ser dito que não tem consciência, que é imoral, que odeia criancinhas, pobrezinhos e velhinhos, e que tem por objectivo beneficiar poderes privados ocultos, os ricos ou os estrangeiros - a escolha de vilões é vasta.
Análises várias serão feitas a provar que o colapso da civilização ocidental, o fim do Estado Social e a morte de milhares de pessoas advirão necessária e absolutamente por causa dos cortes anunciados, que é tudo demasiado economicista, e que há soluções milagrosas e sem qualquer custo para o povo que resolvem todos os problemas.
No fim, há cedência generalizada e não se corta na despesa.
É este o ciclo que tem sido tão difícil de se quebrar, mas que vai ter de ser quebrado.
E já agora, que essa quebra seja acompanhada de um debate sério sobre o papel do Estado na economia. Porque convém explicar e debater as reformas estruturais que se vão fazendo, mesmo que estas aconteçam a um ritmo vertiginoso.
Na mouche meu caro! Aliás o slogan ir além da Troika é apenas um soundbyte.
ResponderEliminarAbraço