Fala-se das medidas de consolidação orçamental, fala-se de austeridade, fala-se dos dois próximos anos de recessão, e esquece-se quase tudo o resto que está no Memorando. E esse «quase tudo o resto» é o essencial: é o programa de reformas que reestruturam a nossa economia no sentido de voltarmos a crescer, desta vez de forma sustentável.
Implementar as medidas constantes do Acordo é fundamental não só para voltarmos a crescer, como para pagarmos a dívida e melhorarmos as condições em que a pagamos. À medida que reestruturamos a nossa economia no sentido do crescimento sustentável, menor será o risco de nos emprestar dinheiro, e em melhores condições estaremos de ver as taxas de juro aplicadas à nossa dívida descer - o que por sua vez tornará, de novo, mais fácil resolver o nosso problema de dívida pública.
Os partidos que assinaram o Acordo passam mais tempo a fingir que não o fizeram e a fugir dele, ou a falar de outras coisas, do que a defender as medidas estruturantes que o compõem. A falta de coragem política implícita nesta atitude é confrangedora. Numa altura em que precisamos de liderança como alguém que atravessa um deserto precisa de água, olhamos à nossa volta e vemos apenas e só gente a fugir às suas responsabilidades.
Já devíamos ter acordado antes, mas se não acordámos, agora temos de o fazer. Já não há tempo para continuar a viver ilusões.
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