quinta-feira, 26 de maio de 2011

Eleições (VI)

O PSD parece apostado em deixar de estar na defensiva e passar à ofensiva, procurando claramente que seja o PSD a definir a narrativa da campanha, e os debates que se vão tendo. Viu-se com a questão das nomeações «escondidas», e vê-se agora com a questão da interrupção voluntária da gravidez.

Pessoalmente, penso que estrategicamente o PSD está a fazer o que deve, a tentar «ganhar» o debate delimitando ele próprio qual o debate a ter. Infelizmente, os temas escolhidos não me parecem os mais felizes, embora os entenda por questão táctica (o primeiro é um ataque ao PS, o segundo um piscar de olho aos votantes do CDS-PP).

Esta campanha devia ser marcada por um debate público alargado sobre economia, criação de emprego, reforma estruturais, propostas concretas para o desenvolvimento do país. Todos os partidos, incluindo o PSD, deviam ter a coragem de falar claramente nestes temas. Reabrir a questão da IVG por questões tácticas não se enquadra propriamente nisto.

Precisamos de mais coragem política em Portugal. Temos agora campanhas em que os partidos procuram dizer aos eleitores o que pensam que os eleitores querem ouvir. Isto não é liderança. É medo. Liderança seria uma apresentação clara das propostas que se têm, uma defesa vigorosa daquilo que se pretende, e depois arcar com as consequências.

Mas este medo e esta falta de liderança tem uma explicação. As pessoas não se identificam com os partidos, não acreditam nas mensagens que os partidos lhes transmitem. Só que quanto mais as narrativas dos partidos se mantiverem as mesmas de sempre, menos esse problema é resolvido.

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