segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Comité dos Comentadores e Analistas e outros

O nosso azar é que muitos dos nossos comentadores televisivos e jornalísticos estejam na TV ou nos jornais e não no Governo. Armados com as suas certezas absolutas e escudados nas suas análises simples, óbvias e evidentes, decerto esses comentadores conseguiriam tirar o país da crise com meio Orçamento - é isso mesmo, nem de um Orçamento completo precisariam para tirar o país da crise.

Há uma solução evidente para este problema. Cria-se um Comité dos Comentadores e Analistas, que ficaria responsável pela política económica portuguesa e pela gestão das finanças públicas do país. O Comité incluiria personalidades como as de José Gomes Ferreira ou Pedro Santos Guerreiro, e seria presidido, naturalmente, por Nicolau Santos. «Um pacote de bolachas para todos os meninos» seria o lema do Comité.

Os Orçamentos para cada ano seriam preparados por este Comité, que seria totalmente independente do Governo, e seriam apresentados sob o formato de comentários simplistas de cinco a dez minutos sobre a situação do país, bem como de artigos de opinião. Na senda da decisão do Ministro das Finanças de arranjar alguém para lhe tratar da comunicação, Marcelo Rebelo de Sousa seria o porta-voz principal do Comité - e Rodrigo Moita de Deus trataria da secção audiovisual.

O país seria salvo. Conhecedores como ninguém desta crise, de todos os erros cometidos por todos os políticos e Ministros das Finanças (PS, PSD e independentes - não interessa), conseguiriam não cometer qualquer desses erros e implementar todas as medidas que toda a gente sabe colocariam a economia portuguesa a crescer de novo. Seria tudo muito fácil.

Portugal sairia do euro sem sair do euro, cortaria despesa sem a cortar, aumentaria a receita sem aumentar impostos ou taxas, faria uma desvalorização sem diminuir o valor dos salários e tornar-se-ia mais competitivo. O défice e a dívida seriam uma coisa do passado. E que com o Comité de Comentadores e Analistas existiria - finalmente! - uma grande e imensa aposta na agricultura. Nas pescas também, em particular do bacalhau - porque o bacalhau à Brás é bom.

Seria o fim da pobreza. Todas as desigualdades desapareceriam enquanto o mérito triunfaria. E um povo agradecido, de lágrimas nos olhos, contemplaria os homens e mulheres que, com as suas análises superficiais e hipóteses infundadas, teriam salvo o país. E, todos em conjunto, como estímulo à economia e agradecimento embevecido, enfrentaríamos o futuro com um largo sorriso - martelando os narizes em estátuas honrando Fátima Campos Ferreira, Judite de Sousa, e José Pacheco Pereira.

2 comentários:

  1. Também podias ter referido que a participação do Rodrigo Moita de Deus no Comité iria melhorar seriamente as relações diplomáticas com a Alemanha, que estaria dispostas a nos emprestar mais dinheiro com prazos mais longos e juro mais baixo.

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