Retirado do vídeo de Brandon Jourdan (globaluprisings.org) |
1. Confesso ter-me emocionado ao assistir às imagens deste incompreensível momento. Um bando de impensantes passa uma animada journée a atirar pedras da calçada à casa da democracia - à nossa casa - e aos agentes incumbidos de a defender, enquanto manda abaixo a enésima litrosa da tarde. Sim, porque foi a nossa rua que eles "privatizaram" ao destruir o pavimento para alimentar uma intifada a forças de segurança pagas por nós para defender a nossa casa. É como se cada pedra que choveu naquela escadaria não tivesse falhado o alvo mas antes acertado num bocadinho de cada um de nós.
2. Também por isso me consternou igualmente a sensação de laissez-faire naqueles longos minutos. Porque, durante tanto tempo, ficou a polícia a olhar para eles enquanto destruíam pedra a pedra património da cidade? Se numa situação quotidiana, um inteligente decidisse começar a desmontar a calçada "na cara" de um agente, não seria impedido? Ao ver as imagens ainda me permiti sonhar que houvesse alguém, manifestante pacífico ou outro, no local com a presença de espírito para, se não impedi-los tout court, se colocar à frente do CI, estilo Tank Man invertido, tentando que parassem com a brincadeira - não seria justificado ter receio de ser apedrejado a escassos metros de centenas de polícias ou seria? (edit: há relatos, se não imagens, de quem o tenha tentado fazer)
3. O que significa o desenrolar desta tristeza num alegre ambiente de festival de verão - cerveja, fumo, mochilas às costas? Serão estes os que "se vêem obrigados" à violência de "tão desesperados e sem saída" que estão? "Aqueles que fazem da revolução pacífica algo impossível, farão com que uma revolução violenta seja inevitável" citava um dos cartazes dos ignorantes - portanto, vamos embora, é começar já para sermos nós a aparecer na fotografia? Será isso? A pergunta é sincera: o que significa? Anarcas de pacotilha? Hormonas pubescentes? Piromania? A arrogância "eu-sou-democrata-desde-que-concordes-comigo-se-não-levas-com-um-calhau" de alguns componentes da extrema-esquerda? Se já é péssimo destruir cadeiras de estádios de futebol e vandalizar as suas zonas circundantes, aquilo que aconteceu tem outra dimensão que deve provocar abjecção em qualquer democrata.
4. Não se ficaram pelas pedras. Caixotes do lixo, vidrões e entulho foram postos a arder por meia dúzia de vândalos. Mais, segundo a PSP, em relação à qual, para aqueles de nós que vivem na Terra, não há razão credível paraduvidar ter a certeza absoluta que o quer que diga é mentira e que o ministro da tutela é que decide directamente tudo o que diz e faz, mais de vinte agentes foram feridos, o que mostra como os coitadinhos que só estavam a tentar jogar à petanca com bolas de calcário foram verdadeiras vítimas indefesas da brutalidade policial. "Remember remember the 14th of November" gracejava sem graça uma página de pirómanos no Facebook, como se um momento "No Name" pudesse representar uma grande revolução seja do que for - by the way, convém lembrar que na tradição britânica, aquilo que se simbolicamente queima na fogueira anualmente é o revolucionário pirómano.
5. Uma das ideias que me assombrou também foi a possibilidade de à conta daquela meia dúzia de acéfalos, aquilo que aparentemente, pese embora as pontuais declarações incendiárias do "se não ouvem a bem, ouvem a mal", foi mais uma manifestação pacífica dos funcionários públicos e da extrema-esquerda, ficasse registado como um protesto todo ele de cariz violento, como se tivesse havido um grande motim - nomeadamente, claro, onde realmente interessa, fora do pequeno rectângulo. Seria triste que por causa deles o "tipo" do nosso país tal como é percepcionado no exterior por quem investe passasse a "bestas violentas" no que à situação social diz respeito. Felizmente não foi o caso, passando os olhos pelos relatos da imprensa económica internacional, a coisa parece ter sido tratada com o devido peso.
- da banlieue parisienne
2. Também por isso me consternou igualmente a sensação de laissez-faire naqueles longos minutos. Porque, durante tanto tempo, ficou a polícia a olhar para eles enquanto destruíam pedra a pedra património da cidade? Se numa situação quotidiana, um inteligente decidisse começar a desmontar a calçada "na cara" de um agente, não seria impedido? Ao ver as imagens ainda me permiti sonhar que houvesse alguém, manifestante pacífico ou outro, no local com a presença de espírito para, se não impedi-los tout court, se colocar à frente do CI, estilo Tank Man invertido, tentando que parassem com a brincadeira - não seria justificado ter receio de ser apedrejado a escassos metros de centenas de polícias ou seria? (edit: há relatos, se não imagens, de quem o tenha tentado fazer)
3. O que significa o desenrolar desta tristeza num alegre ambiente de festival de verão - cerveja, fumo, mochilas às costas? Serão estes os que "se vêem obrigados" à violência de "tão desesperados e sem saída" que estão? "Aqueles que fazem da revolução pacífica algo impossível, farão com que uma revolução violenta seja inevitável" citava um dos cartazes dos ignorantes - portanto, vamos embora, é começar já para sermos nós a aparecer na fotografia? Será isso? A pergunta é sincera: o que significa? Anarcas de pacotilha? Hormonas pubescentes? Piromania? A arrogância "eu-sou-democrata-desde-que-concordes-comigo-se-não-levas-com-um-calhau" de alguns componentes da extrema-esquerda? Se já é péssimo destruir cadeiras de estádios de futebol e vandalizar as suas zonas circundantes, aquilo que aconteceu tem outra dimensão que deve provocar abjecção em qualquer democrata.
4. Não se ficaram pelas pedras. Caixotes do lixo, vidrões e entulho foram postos a arder por meia dúzia de vândalos. Mais, segundo a PSP, em relação à qual, para aqueles de nós que vivem na Terra, não há razão credível para
5. Uma das ideias que me assombrou também foi a possibilidade de à conta daquela meia dúzia de acéfalos, aquilo que aparentemente, pese embora as pontuais declarações incendiárias do "se não ouvem a bem, ouvem a mal", foi mais uma manifestação pacífica dos funcionários públicos e da extrema-esquerda, ficasse registado como um protesto todo ele de cariz violento, como se tivesse havido um grande motim - nomeadamente, claro, onde realmente interessa, fora do pequeno rectângulo. Seria triste que por causa deles o "tipo" do nosso país tal como é percepcionado no exterior por quem investe passasse a "bestas violentas" no que à situação social diz respeito. Felizmente não foi o caso, passando os olhos pelos relatos da imprensa económica internacional, a coisa parece ter sido tratada com o devido peso.
- da banlieue parisienne
E não esquecer que depois as claques de futebol também foram mencionadas...
ResponderEliminarFiquei preocupado como qualquer pessoa de bom-senso que caso os arruaceiros estivessem mais organizados facilmente a Policia teria perdido o controlo das ruas e por muito mais tempo.
Um Abraço
PS: Espero que imponhas o respeito pelo CL no basfonds parisiense que frequentas...