segunda-feira, 4 de julho de 2011

Adeus, Fernando Nobre!

Fernando Nobre renunciou ao mandato de deputado. Perdeu a eleição para Presidente da Assembleia da República e acabou mesmo por cumprir o que tinha originalmente dito que faria nessa situação. A ideia de que cumpriria o mandato foi apenas temporária, pelos vistos.

Confirma-se que Fernando Nobre não tinha, verdadeiramente, uma ideia para o país. A sua candidatura à Presidência esfumou-se, e a sua candidatura a deputado (e, depois, a Presidente da Assembleia da República) tiveram o condão de tornar claro que a carreira política de Fernando Nobre não acrescentava grande valor ao debate público em Portugal.

A candidatura de Fernando Nobre à Presidência da Assembleia da República nem devia ter acontecido. Fernando Nobre devia ter percebido a sua situação, e retirado o seu nome de consideração por parte da Assembleia da República. Assunção Esteves deveria ter ido a votos de imediato, e não apenas depois de duas rondas humilhantes para Fernando Nobre.

Na minha opinião, esta renuncia ao mandato de deputado mostra falta de respeito pelo Parlamento e pelos eleitores, e em nada dignifica Fernando Nobre. Este sai pela porta pequena, muito pequena mesmo, do mundo político, com uma breve carreira que misturou apelos à emoção (e não à razão), erros políticos vários, e um confrangedor vazio de ideias para o país.

Fernando Nobre teve a hipótese de deixar uma marca positiva importante em Portugal, até mesmo enquanto deputado. Em vez disso, a sua carreira política tornou-se um «case study» para o que não se deve fazer, ao mesmo tempo que chamuscou ainda mais a imagem da política em Portugal, uma imagem já quase incinerada neste momento.

2 comentários:

  1. Não podia estar mais em desacordo contigo, sobre este tema, mas as nossas divergências são tantas e tão profundas que não é aqui que as iremos debater.

    Para mim Fernando Nobre, com toda a sua vaidade pessoal ( que é o seu maior defeito pessoal ), e com todos os erros de avaliação e decisão próprios de quem não tem na sua génese a politica, teve a coragem de se endividar, e avançar com uma candidatura presidencial de vitória improvável, senão mesmo impossível.

    Financeiramente Salvo por uma votação muito superior aos 5% minimos para que lhe fosse atribuída a subvenção, não baixou os braços.

    Obviamente uma candidatura civil que não parou de atacar os políticos e partidos do sistema estava condenada à partida.

    Fernando Nobre, demitiu-se não só porque era o que se tinha comprometido, mas também porque percebeu que era persona no grata, num parlamento que voltou a ser reeleito com os mesmos de sempre.

    Finalizo, a sugerir a leitura do capitulo do livro «Portugal Hoje o medo de existir», onde José Gil, descreve este «sentimento» de repulsa dos portugueses contra quem OUSA ARRISCAR, e onde o texto deste post se integra na perfeição.

    Sinceramente, João Pedro, se tu esperavas mais de Fernando Nobre, eu também esperava mais de ti, nomeadamente que nunca tivesses escrito um texto como este. Abraço

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  2. O meu problema, Carlos, não é com o facto dele ter decidido arriscar. Acho muito bem que o tenha feito.

    O meu problema é com a forma como o fez, e o facto da forma como o fez ter tornado mais difícil ainda arriscar em Portugal.

    Fernando Nobre, ao entrar na política, tornou-se um político, e os seus ataques durante a sua campanha foram, de facto, ao «sistema», mas foram sempre vazios no que tocava a alternativas, e sinceramente demonstraram, pelo menos a mim, que o Fernando Nobre nem conhecia particularmente bem o sistema que tinha decidido atacar.

    Por muito respeito que tenha pelo trabalho que Fernando Nobre desenvolveu na AMI, e pelo facto dele ter decidido arriscar, isso não significa que não o critique, principalmente depois de toda a sua actuação desde que decidiu entrar para a política activa.

    E, de facto, ele disse que se ia embora. Mas depois disse que ia ficar. Mudou, pelos vistos, de ideias outra vez. De facto, sendo assim, talvez seja muito melhor que não fique. Mas não abona muito em favor de Fernando Nobre.

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