As migrações são salutares. No caso concreto actual em Portugal, o facto de termos fronteiras abertas que permitem a emigração está a ajudar-nos a lidar com a nossa situação económica actual de forma bem mais pacífica do que se tivéssemos fronteiras fechadas.
Em vez de de ficarem aqui presas, as pessoas procuram uma vida melhor onde pensam poder encontrá-la, o que ajuda a diluir tensões sociais que poderiam dar origem a revoltas violentas. Prendê-las cá levaria a que o nível de tensão aumentasse, e teria o efeito inverso.
Outra questão que joga a nosso favor é o facto de sermos uma democracia e de vivermos num Estado de Direito. A existência de eleições livres, por sufrágio universal e directo, abre portas a que as pessoas possam pôr fora do poder forças que culpem pela crise, substituindo-as por outras.
Além disso, podem manifestar-se pacificamente sem medo de serem barbaramente assassinadas pela política ou pelas forças armadas. Essas manifestações pacíficas são, também elas, uma forma de lidar, de forma não-violenta, com tensões sociais, que de outro modo poderiam alastrar e tornar-se violentas.
Em Portugal, todos estes factores se conjugam, combinados ainda com condições institucionais formais bastante positivas para que levemos finalmente a cabo um conjunto importante de reformas extraordinárias. Esperemos que estas condições se cimentem também a nível europeu, e que a União Europeia acabe por sair reforçada desta crise.
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