São políticos como o nosso actual Presidente da República que levaram à independência dos bancos centrais, precisamente para impedir que andassem a «brincar» com o valor da moeda, gerando inflação sem que houvesse desenvolvimento económico sustentável. Foi o que Portugal andou a fazer antes de entrar para o euro, com a tristemente célebre, e ainda popular, política dos «salários baixos». Felizmente, o BCE é independente, e as afirmações de Cavaco Silva não vão ter impacto na política monetária europeia.
Pedia-se ao Presidente da República que exercesse a sua «magistratura de influência» indo para além de mensagens populistas que nada ajudam a credibilizar Portugal. Parece que nem isso podemos esperar do actual Presidente.
P.S. Este tipo de afirmações lembra bem os perigos de acabar com o euro e voltar ao proteccionismo das moedas nacionais (ver, também, aqui e aqui).
P.S. Este tipo de afirmações lembra bem os perigos de acabar com o euro e voltar ao proteccionismo das moedas nacionais (ver, também, aqui e aqui).
«Felizmente, o BCE é independente».
ResponderEliminarDepois de adquirir dívida soberana nos mercados secundárias a tentar suster o insustentável e de aceitar, pelas suas próprias regras, "lixo" como colateral a ponto de se ter tornado insolvente, cabe perguntar: independente de quem?
Dos Estados.
ResponderEliminarEmbora eu perceba o comentário. O BCE tem mais «skin in the game» por causa de ter comprado dívida soberana nos mercados secundários. Esse «loophole» devia ser fechado.
Quanto ao colateral ser «junk», eu pessoalmente considero um desenvolvimento positivo que o BCE tenha alterado as suas regras de utilização de notações de agências de «rating». Mesmo neste contexto, em que fica sob suspeita de simplesmente o ter feito para «agradar» aos Estados.
Continuo à espera de que não haja desvalorização nos termos defendidos por Cavaco Silva e, pelos vistos, por Passos Coelho, de qualquer forma.
Para sermos rigorosos, o Presidente falou de um cenário de depreciação e não de um cenário de desvalorização, já que são dois termos completamente distintos e o segundo só se coloca em cenários de regime cambial fixo. O problema não é o euro forte ou o euro fraco como um todo para a zona euro, mas sim o facto de ser demasiadamente forte para algumas regiões intra-zona euro (regiões com fortes défices da balança de pagamentos)e fraco para outras regiões (com fortes excedentes da balança de pagamentos. Ora, diz a teoria económica que a moeda das primeiras deveria depreciar e a das segundas apreciar, para atingir o ponto de equilíbrio. Como isto é impossível numa união monetária, só se consegue mitigar estes efeitos de choques assimétricos com um profundo aprofundamento do projecto europeu rumo ao federalismo. É desse tipo de propostas que precisamos por parte da classe política.
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