12 mil milhões de euros.
É este o valor do célebre fundo previsto no Memorando da Troika para recapitalização dos bancos.
Estes 12 mil milhões de euros servem de último recurso, caso os bancos não consigam encontrar capital nos mercados privados para aumentar os seus rácios de capital para os níveis também previstos no Memorando.
A sua utilização significaria, essencialmente, uma nacionalização parcial desses bancos, que viria acoplada a uma panóplia de restrições à gestão desses bancos (apesar dessa gestão se manter privada).
Significaria ainda que o banco, enquanto instituição, não teria credibilidade suficiente junto dos mercados de capitais para conseguir capital privado para atingir aquele rácio de capital.
Para os accionistas do banco, por sua vez, significaria uma diluição do valor das suas acções.
Não é por acaso que os bancos querem evitar a todo o custo a utilização deste fundo. (E não é por acaso que Fernando Ulrich defendeu o que defendeu, ou que Ricardo Salgado disse o que disse.) É que, contrariamente ao que por aí se ouve, estes 12 mil milhões de euros não são uma prenda. São, quase, uma «punição».
P.S. António José Seguro já se pronunciou sobre este fundo. As suas declarações, em campanha, dão a ideia de que Seguro não percebe qual o objectivo do fundo - e, levadas à letra, qual o modelo de negócios dos bancos.
Mas o que me parece que Seguro quer dizer é que um banco que receba uma injecção de capital público para aumentar o seu rácio de capital deve, ao mesmo tempo, comprometer-se a fazer mais, ou a facilitar, os empréstimos às empresas. O que, tendo em conta que o objectivo do fundo é precisamente servir de último recurso numa tentativa de diminuir o nível de alavancagem dos bancos, é bem elucidativo de que António Seguro não parece perceber aquilo de que está a falar.
P.P.S. Ainda sobre o novo Secretário-Geral do PS, vale a pena ler este comentário às suas declarações sobre a reforma da regulação do mercado laboral. Também essas declarações mostram aquele que eu considero o problema fundamental de António José Seguro: no que toca à substância, tem queda para o vazio.
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