[Ver o a meu ver péssimo comunicado de Paulo Portas aqui. A forma como estas pessoas gostam de brincar à política quando o que está em jogo é o facto do país estar na bancarrota e a vida de milhões de pessoas é ilustrativa das razões pelas quais temos de fazer uma reforma do nosso sistema político, a começar pelo sistema eleitoral.]
Comunicado
Em face do facto de querer estar no Governo mas não querer assumir a totalidade dos custos políticos das políticas de austeridade, e sem prejuízo de mais politiquices no futuro, cumpre-me afirmar o seguinte:
1 - O CDS, ao fim de vários dias de intensas discussões, lá decidiu acabar com o «suspense» e afirmar que vai votar favoravelmente o Orçamento, porque percebeu que os custos políticos potenciais de causar uma crise política seriam problemáticos para o seu número de deputados em eleições futuras.
2 - O CDS valoriza imenso a estabilidade neste momento especialmente crítico para Portugal, dado que nos encontramos sujeitos a um Programa de Assistência Económica e Financeira da comunidade internacional. Por isso, aliás, demorou vários dias a vir a público afirmar que votaria favoravelmente o Orçamento de um Governo de que faz parte, e se tem entretido em passar para a praça pública guerras com o seu parceiro de coligação - que aliás faz o mesmo, provavelmente imbuído do mesmo espírito patriótico.
O CDS de repente lembrou-se que Portugal depende de assistência externa, de que é exemplo o
financiamento que deverá ser aprovado na próxima semana e, portanto, apesar de não concordar com nada (mesmo com aquilo que também tem vindo a assinar desde que o Memorando pela primeira vez surgiu - o CDS só é a favor de políticas populares; daí o nome «Partido Popular», aliás), vai votar a favor.
O CDS descobriu ainda recentemente que não ter um Orçamento é o contrário de o ter e que ter um Orçamento dá um certo jeito. Devido a esta epifania, o CDS decidiu mostrar o seu enorme patriotismo e passar vários dias até vir afirmar publicamente que ia votar favoravelmente um Orçamento de um Governo de que faz parte - porque isso da responsabilidade colectiva nos Governos é para outros lados, e o nosso grupo parlamentar gosta de intervir através de notas de uma linha no Facebook e no Twitter para «marcar posição» de que «este não é o nosso Orçamento».
3 – Subitamente, ao fim de um ano, vamos finalmente apresentar propostas de corte de despesa de forma pública e clara. A sério. Podem acreditar em mim. Não vai ser como no ano passado, em que o grande contributo do Parlamento, em particular dos deputados da coligação, foi aprovar um aumento da taxa liberatória sobre rendimentos de capital.
4 - O CDS quer passar pelos pingos da chuva. O CDS quer usar o seu peso eleitoral como desculpa para fingir que não há nada que possa fazer e que, coitado, pesaroso e infeliz, vai ser forçado a aprovar este Orçamento, que não queria nada aprovar - e, já agora, se puder ser, lembre-se disso quando vierem as próximas eleições, que a culpa da austeridade é do Vítor Gaspar e do PSD, não nossa. Sendo a terceira força política e acreditando que dizer banalidades triviais e fazer jogos políticos durante tempos de crise como estes são uma boa forma de passar o tempo, o CDS sublinha que toda a gente tem de contribuir para resolver os problemas do país - e que todas as soluções desagradáveis são culpa do Vítor Gaspar e do PSD.
O Não Culpado de Nada que é Presidente do CDS
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