"Deve haver um dia em que a sociedade, como os indivíduos, chegue à maioridade." - Alexandre Herculano
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Vitor Gaspar Não Jogava Sim City
Nos idos 90 passei uma parte significativa a gerir cidades no SimCity 2000, 3000 e depois no 4000. Sim, eu era uma tirano digital que submetia os meus sims a todo o tipo de experiências urbanísticas e sociais. Sou um homem da régua e esquadro e acho que manipulei aquelas pobres criaturas binárias com todo o tipo de teorias fiscais. Como sempre adorei construir auto estradas, pontes, e todo o tipo de transportes públicos, acabava quase sempre com uma divida brutal que tipicamente tentava resolver de uma forma: aumentar os impostos. O resultado? A cidade entrava lentamente num processo de declínio e perda de população, e iam-se acumulando novos empréstimos que eram pagos com novos empréstimos... impagáveis. Por outro lado, o meu irmão construía cidades, que pelos meus parâmetros urbanísticos eram horrorosas, mas ainda assim funcionais e como não tinha megalomanias optava por ter os impostos baixos. Funcionava sempre. Amigo Gaspar, e isto é dito por quem passou muitas horas a simular em frente ao ecrã, e eu sei que tu também és dessa escola econometrica, não vais conseguir sacar mais receita destes aumentos fiscais, porque quem é rico consegue escapar, e porque quem não pode pôr o capital lá fora, mete-se a si próprio. Só se consegue resolver isto no lado da despesa, e isso implica despedimentos massivos na função publica, plafonar as reformas e outras prestações sociais.
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André, subscrevo na integra o teu comentário, mas para tomar as necessárias decisões do lado da despesa precisamos mais do que abnegados tecnocratas, precisamos de homens de fibra, estadistas do século passado. E isso como já se percebeu, não temos.
ResponderEliminarAndré,
ResponderEliminarGosto da comparação com o Simcity, também passei muitas horas!
Inspiração aqui? http://www.economist.com/node/21563345
:)
Bom, queria só dizer que concordo em abstrato com essa receita, mas na prática e no curto prazo é mais complicado concordar. O Vitor Gaspar está a jogar um jogo diferente, e no jogo dele se seguisse neste momento o teu conselho de despedir massivamente funcionários públicos, tinha no dia seguinte milhares de milhões para pagar em subsídios de despedimento e milhares de milhões adicionais para pagar em subsídios de desemprego, além de desemprego a... 25%? (you name it).
Nesse dia colapsavam uma série de coisas, entre elas a economia nacional, o acordo com a troika, Portugal no Euro, e... o resto já é difícil de prever.
Há quem defenda tudo isto e até pode haver bons argumentos para isso.
É o teu caso? Ou possível contornar este cenário?
Um abraço