"Deve haver um dia em que a sociedade, como os indivíduos, chegue à maioridade." - Alexandre Herculano
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Paulo Portas, CDS-PP e cortes de despesa
Paulo Portas é Ministro dos Negócios Estrangeiros. Enquanto membro do Governo, só tem uma coisa a fazer em relação ao Orçamento: apoiá-lo e defendê-lo. Se não quer apoiar e defender o Orçamento, só tem uma coisa a fazer: demitir-se.
A forma como o CDS-PP, e Paulo Portas em particular, se têm andado a comportar, é lamentável. O que o CDS-PP tem a fazer é o que o Ministro das Finanças disse: apresentar propostas de corte de despesa. É que os deputados do CDS-PP (e, já agora, do PSD) não servem só para rasgar as vestes e escrever notas no Facebook ou no Twitter, ou para fazer declarações à imprensa.
Se não gostam do Orçamento e querem que haja maior corte de despesa, apresentem as medidas de corte de despesa pelas quais clamam. Como bem disseram, são deputados e não só podem, como devem fazê-lo.
A forma como o CDS-PP quer ser Oposição e Governo ao mesmo tempo é inaceitável. E é particularmente engraçado ver o partido que mais se bateu pelo Ministério da Agricultura, que apenas serve para distribuir subsídios (bem sei que europeus) e criar novas taxas, e que é contra a privatização do canal 1 da RTP ou a privatização (mesmo que parcial) da CGD (querem que seja um banco de fomento), vir agora proclamar-se o grande defensor dos cortes nos gastos públicos.
Se o CDS-PP quer afirmar-se como algo mais do que um pequeno partido liderado por um oportunista que quer ter o seu bolo e comê-lo ao mesmo tempo (traduzindo a expressão inglesa), então que siga o repto do Ministro das Finanças e demonstre que sabe onde quer cortar e porquê. Mais ainda: convença o PSD a fazer o mesmo.
Agora, seria simpático que o CDS-PP se deixasse de armar em coitadinho em período de reflexão. O CDS-PP faz parte da coligação que apoia o Governo. Se não quer fazer, que o anuncie, explique porquê, e sofra as consequências. Se quer continuar, então que o anuncie rapidamente - e, já agora, não repita esta brincadeira de mau gosto.
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Ninguém tem coragem de fazer propostas concretas para cortar (muito) na despesa.
ResponderEliminarIsto porque o grosso da despesa é: salários dos funcionários públicos, saúde, educação, e segurança social. E cortar em qualquer uma destas coisas prejudica diretamente muita gente.
Portanto, ninguém fará propostas concretas. Só farão as coisas, mais ou menos pela calada, quando estiverem no governo.
Portas tem um pesadelo estratégico em mãos. Não se pode ser Governo e Oposição e tem pessoas no partido que estão a ver esboroar a sua base de apoio.
ResponderEliminarOutro problema e a meu ver mais grave é que se nota que a coligação que pode ser ténue, não tem de facto um projecto para Portugal. Pode ver-se isto não apenas pelo Orçamento, como pelo papel apagadissimo que Álvaro Santos Pereira tem tido.
Abraço