quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Paulo Portas, CDS-PP e cortes de despesa


Paulo Portas é Ministro dos Negócios Estrangeiros. Enquanto membro do Governo, só tem uma coisa a fazer em relação ao Orçamento: apoiá-lo e defendê-lo. Se não quer apoiar e defender o Orçamento, só tem uma coisa a fazer: demitir-se.

A forma como o CDS-PP, e Paulo Portas em particular, se têm andado a comportar, é lamentável. O que o CDS-PP tem a fazer é o que o Ministro das Finanças disse: apresentar propostas de corte de despesa. É que os deputados do CDS-PP (e, já agora, do PSD) não servem só para rasgar as vestes e escrever notas no Facebook ou no Twitter, ou para fazer declarações à imprensa.

Se não gostam do Orçamento e querem que haja maior corte de despesa, apresentem as medidas de corte de despesa pelas quais clamam. Como bem disseram, são deputados e não só podem, como devem fazê-lo.

A forma como o CDS-PP quer ser Oposição e Governo ao mesmo tempo é inaceitável. E é particularmente engraçado ver o partido que mais se bateu pelo Ministério da Agricultura, que apenas serve para distribuir subsídios (bem sei que europeus) e criar novas taxas, e que é contra a privatização do canal 1 da RTP ou a privatização (mesmo que parcial) da CGD (querem que seja um banco de fomento), vir agora proclamar-se o grande defensor dos cortes nos gastos públicos.

Se o CDS-PP quer afirmar-se como algo mais do que um pequeno partido liderado por um oportunista que quer ter o seu bolo e comê-lo ao mesmo tempo (traduzindo a expressão inglesa), então que siga o repto do Ministro das Finanças e demonstre que sabe onde quer cortar e porquê. Mais ainda: convença o PSD a fazer o mesmo.

Agora, seria simpático que o CDS-PP se deixasse de armar em coitadinho em período de reflexão. O CDS-PP faz parte da coligação que apoia o Governo. Se não quer fazer, que o anuncie, explique porquê, e sofra as consequências. Se quer continuar, então que o anuncie rapidamente - e, já agora, não repita esta brincadeira de mau gosto.

2 comentários:

  1. Ninguém tem coragem de fazer propostas concretas para cortar (muito) na despesa.
    Isto porque o grosso da despesa é: salários dos funcionários públicos, saúde, educação, e segurança social. E cortar em qualquer uma destas coisas prejudica diretamente muita gente.
    Portanto, ninguém fará propostas concretas. Só farão as coisas, mais ou menos pela calada, quando estiverem no governo.

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  2. Portas tem um pesadelo estratégico em mãos. Não se pode ser Governo e Oposição e tem pessoas no partido que estão a ver esboroar a sua base de apoio.
    Outro problema e a meu ver mais grave é que se nota que a coligação que pode ser ténue, não tem de facto um projecto para Portugal. Pode ver-se isto não apenas pelo Orçamento, como pelo papel apagadissimo que Álvaro Santos Pereira tem tido.
    Abraço

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