"Deve haver um dia em que a sociedade, como os indivíduos, chegue à maioridade." - Alexandre Herculano
quinta-feira, 30 de junho de 2011
A Confiança e Pedro Marques
Isto é, pura e simplesmente, falso. Como bem disse o nosso novo Ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, aquilo que gera confiança é a transparência. E a discussão de dados e números públicos que os investidores já conhecem previamente não tem efeitos negativos na confiança. Antes pelo contrário, a sua não discussão, a sua ocultação, a obscuridade de que Pedro Marques essencialmente fez a apologia, isso sim causa quebras de confiança nos investidores (e na população, já agora).
Além disso, é evidente que as pessoas vão reagir ao anúncio de um novo imposto sobre o subsídio de Natal. Pelos vistos, segundo Pedro Marques, é má ideia dar tempo às pessoas para se preparem para as medidas que se vão tomar. É preferível deixá-las pensar que iam ter esse rendimento disponível e depois, para sua surpresa (bastante desagradável, usando um eufemismo), chegarem à conclusão que não o terão disponível, mas apenas e só em Dezembro, quando nada podem fazer sobre isso...
A intervenção de Pedro Marques teoriza a actuação do Governo anterior. Os resultados da actuação do Governo anterior estão à vista, em particular no que toca à confiança.
Esperemos que Pedro Marques não volte ao Governo. E que o espírito de Pedro Marques, e outros que pensam como ele, não comece a servir de inspiração ao Governo actual.
P.S. Ao ouvir a intervenção de Basílio Horta, ouço um fantasma do passado que ainda nos assombra hoje, lembrando-nos a cada palavra sua porque é que estamos como estamos: endividados até ao tutano, em recessão (e antes disso, estagnados durante anos), pouco competitivos, nada produtivos, e pobres.
Exames Nacionais e o Fim do GAVE
Com a educação em Portugal no estado que se conhece, Nuno Crato (o novo ministro da Educação e Ensino Superior e, para mim, a pessoa mais indicada para o cargo) promete mais exigência e mais rigor quer nas escolas, quer nos exames nacionais. Para tal, prevê que estes sejam feitos não pelo Gabinete de Avaliação Educacional (o GAVE), mas por uma autoridade independente do Ministério da Educação.
Os Exames
Os exames nacionais são um instrumento de avaliação mais do que necessário para garantir que todos os alunos são avaliados da mesma forma e que competem nas mesmas condições (ou em condições mais semelhantes) na procura de emprego ou no ingresso nas faculdades. Os exames servem para promover a igualdade de oportunidades e para assegurar (supostamente) que quem não sabe, não «passa», contornando, assim, possíveis casos de facilitismo em certos estabelecimentos de ensino.
Acredito que este tipo de avaliação deveria ocorrer com maior regularidade, pelo que vejo com bons olhos a sua realização no fim de cada ciclo, assim como a sua substituição pelas ridículas provas de aferição dos 4º e 6º anos.
O fim do GAVE?
Disposto a combater o facilitismo evidente nos exames nacionais (vejam-se as provas de Matemática A dos últimos 3-4 anos), Crato quer que seja uma autoridade independente do Ministério da Educação a elaborá-los.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
Notas sobre o Programa de Governo (III)
Algo de particularmente positivo é a proposta de um contrato único de trabalho, embora com reservas relativamente ao período experimental. Parece-me que se deveria simplesmente criar um contrato único, em que fosse simples despedir (e portanto menos arriscado contratar), e em que fosse clara e facilmente determinável a indemnização a receber em caso de despedimento. Veremos se o Governo o consegue fazer, sendo que um dos obstáculos que vai ter de ultrapassar vai de certeza ser um ataque à constitucionalidade das novas regras, mais flexíveis, que criar, tendo em conta o conceito constitucional extremamente rígido de «justa causa».
A rigidez do nosso mercado laboral tem um impacto extremamente negativo na criação de emprego, e, portanto, também na capacidade que as pessoas têm de escolher mudar de emprego. Ora, tendencialmente, as pessoas melhoram as suas condições de trabalho saindo de um emprego e mudando para outro, não ficando sempre na mesma empresa. O sistema actual, em que as pessoas têm medo de sair por terem medo de não encontrar um novo emprego se saírem, quanto mais um emprego melhor, tem, portanto, um impacto negativo na melhoria das condições de trabalho das pessoas.
Mais um vez, estamos na presença de um sistema em que não se promove a concorrência por talento por parte das empresas, porque muitas pessoas simplesmente não têm incentivo a sair das empresas em que colaboram. Acontece que muito deste talento tem encontrado essas condições no estrangeiro, habitualmente potenciadas por um ambiente empresarial que não cria bloqueios aos empreendedores. E portanto, as pessoas emigram, em busca de melhores condições.
Outra das apostas do Governo na área do emprego é o auto-emprego. O auto-emprego devia ser a primeira alternativa ao desemprego, mas em Portugal, devido ao nosso sistema disfuncional, o que tendemos a ter é falsos trabalhadores independentes. Isto tem de acabar. Temos de criar condições para que o auto-emprego seja uma verdadeira alternativa ao puro e simples desemprego. E para que isso aconteça, temos, mais uma vez, que criar um ambiente em que o empreendedorismo não seja bloqueado, em que as pessoas possam explorar as suas ideias e potencialidades sem ter de lidar com burocracias ou regras desnecessárias.
Manifesto do Spinelli Group
More than ever, the challenges we face today are worldwide: climate change, resource exhaustion and environmental destruction, economic and financial regulation, nuclear threat and collective security, fairer trade, peace-building…
In this new world, every European country is a small country. But we have one advantage: we have built together a European Union. It is a remarkable construction in which European nation-states, some even long divided by protracted conflicts, decided to be “united in diversity” and form a Commonwealth, a Community in the true sense of the word.
Striving for shared peace and prosperity, we managed to work together and combine forces, thus fostering unprecedented prosperity, democracy and reconciliation on the continent. National states gave away sovereign powers to institutions in order to reach common goals and an “ever closer” Union.
Unfortunately, whereas the formidable challenges of a manifold crisis demand common responses, drawn at least at European level, too many politicians fall tempted to believing in national salvation only. In a time of interdependence and a globalised world, clinging to national sovereignties and intergovernmentalism is not only warfare against the European spirit; it is but an addiction to political impotence.
Today things are moving in the opposite direction, towards a looser instead of a closer Union, towards a more national instead of post-national Europe. Throwing the Community spirit behind, Member states let short-term national interests cloud the common vision. They favour intergovernmental solutions above European solutions. Almost to the point of breaking up the Euro, the most concrete symbol of European integration.
We oppose this backward and reactionary direction. Europe has been yet again abducted – by a coalition of national politicians. It is time to bring her back. We believe that this is not the moment for Europe to slow down further integration, but on the contrary to accelerate it. The history of the European Union has proven that more Europe, not less, is the answer to the problems we face. Only with European solutions and a renewed European spirit will we be able to tackle the worldwide challenges.
Nationalism is an ideology of the past. Our goal is a federal and post-national Europe, a Europe of the citizens. This was the dream the founding fathers worked so hard to achieve. This was the project of Altiero Spinelli. This is the Europe we will go for. Because this is the Europe of the future."
BE e PCP criticam Programa de Governo
O BE, através de João Semedo, continua com a cantiga de que o PSD e o CDS-PP esconderam os seus programas durante a campanha. Uma cantiga que soa a falso, tendo em conta que o PSD sempre foi claro na sua mensagem de apoio ao programa da Troika, que já o projecto de revisão constitucional do PSD apontava nesse sentido, e que toda a campanha foi passada com o BE, o PCP e o próprio PS a dizer que o PSD era «ultraliberal». Portanto, seria útil que essa cantiga, que na prática passa um atestado de imbecilidade aos votantes, fosse rapidamente ultrapassada.
De resto, tanto o BE como o PCP dizem que o programa é terrível, que não gostam dele, que vai causar do fim deste mundo e do próximo. Surpreenderia se dissessem algo de diferente.
A ver vamos como vai ser a contestação social ao novo programa do Governo, organizada por partidos políticos, por sindicatos, ou pela sociedade civil. Não nos esqueçamos que este Governo é formado por dois partidos que assinaram o Memorando de Entendimento, e que o PSD tornou claro que ia ser «mais troikista que a troika», mesmo durante as eleições, e que isso não os impediu de terem maioria parlamentar.
A ver vamos, também, se o PS vai agir de forma responsável, em vez de se tentar distanciar do Programa da Troika que o seu Governo negociou e assinou, numa assoma de populismo que seria ruinosa. Imagino que o PS se afastará o mais possível, e criticará o mais possível, toda e qualquer medida do Programa de Governo que não seja directamente levantada do Memorando de Entendimento. Mas as coisas tornam-se mais bicudas no que toca a medidas que sejam directamente levantadas desse Memorando. O PS também se comprometeu com essas medidas antes e durante as eleições. Portanto, é bom que seja consequente agora, independentemente de quem seja o seu novo Secretário-Geral.
Notas sobre o Programa de Governo (II)
«Rever os conteúdos das ofertas formativas adequando-as às necessidades do mercado de trabalho, promovendo a sua deslocação para as empresas e permitindo a estas deduzir os respectivos custos em sede de tributação;», ver pág. 29.
Compreendo que o Governo queira que as empresas dêem formação aos seus colaboradores. A formação gera ganhos de produtividade e, portanto, de competitividade. E claro que as empresas estão na melhor posição para saber quais a competências de que necessitam, por isso faz sentido que sejam elas a formar os seus colaboradores. A aposta na formação é um investimento para o futuro, e um bom cartão de visita para uma empresa, inclusivamente no que toca a atrair talento para colaborar com essa empresa. Caso essa aposta seja séria, claro.
Mas gostava que me explicassem como é que durante um período de consolidação orçamental, simplificação do sistema fiscal, e combate à fraude e evasão fiscal, o Governo se lembra de criar uma regra segundo a qual as empresas passam a poder «deduzir os custos» que tenham com formação. Afinal de contas, esta medida não contribui para a consolidação das contas públicas, cria maior complexidade no sistema fiscal, o que facilita a evasão, e trata a formação como um simples custo, quando se trata de um investimento.
Disse que cria maior complexidade no sistema fiscal, e explico porquê. Com esta medida, vai ter de se definir precisamente que é que pode ser deduzido, vai ter de se inspeccionar e ver se o que está a ser deduzido pode mesmo ser deduzido, e vai haver reclamações e impugnações de decisões relativas a este tema, que vão dar trabalho a funcionários do Ministério das Finanças e aos tribunais.
No limite, o que esta medida incentiva é que se declare que se deu formação, e não necessariamente que se tenha dado, efectivamente, formação. Claro que as empresas podem subitamente decidir que, por poderem deduzir nos impostos, então agora sim, vão dar formação aos colaboradores. Mas não me parece que a razão pela qual haja falta de aposta na formação seja falta de possibilidade de dedução do custo associado a esse investimento nos impostos.
A partir do momento em que uma empresa considere a formação como um investimento que lhe dará bom retorno, então a empresa apostará na formação. Ora, a formação é um investimento que terá potencialmente bom retorno se a empresa tiver de concorrer com outras empresas. Isto porque a aposta na formação lhe permite atrair os melhores para colaborar com ela (especialmente se associar essa aposta na formação a um bom salário), e porque a formação torna os seus colaboradores mais produtivos. Claro que se a empresa sobreviver à custa de subsídios e outros tipos de ajuda pública, por exemplo, nada disto é particularmente relevante.
Tanto que já há empresas que apostam na formação em Portugal. Todas as grandes sociedades de advogados, por exemplo, têm programas de formação interna dos seus associados, e promovem a sua formação contínua mesmo fora da própria sociedade. Todas estas sociedades estão sujeitas a pressões competitivas bastante fortes, o que significa que têm de competir por talento se quiserem manter-se no topo. Isto inclui pressões competitivas estrangeiras, porque no mundo globalizado e, em particular, europeizado de hoje, mesmo os advogados conseguem emigrar. E ainda bem que assim é, diga-se de passagem.
Esta medida vai ser tomada com um conjunto de outras medidas de política activa de emprego, de promoção da concorrência, entre outras. Mas o valor acrescentado desta medida, parece-me, não será grande. E até pode prejudicar a prossecução dos objectivos primordiais da consolidação orçamental, simplificação fiscal, e combate à fraude e evasão fiscal.
terça-feira, 28 de junho de 2011
Notas sobre o Programa de Governo (I)
No âmbito das suas políticas activas de emprego, o Governo compromete-se a:
«Criar programas com o objectivo de promover o acesso ao mercado de trabalho de jovens com elevadas qualificações que, nas actuais condições, são fortes candidatos à emigração;» (Ver pág. 29, antepenúltimo parágrafo.)
Esta medida visaria combater a célebre «fuga de cérebros», que leva os tais jovens com elevadas qualificações a emigrarem.
Acontece que esses jovens não saem do país por falta de programas governamentais que promovam o seu acesso ao mercado de trabalho. Nada disso. Esses jovens saem do país porque são mais valorizados lá fora do que cá dentro.
Portanto, se o Governo quer mesmo que as pessoas altamente qualificadas não saiam de Portugal, não o consegue com programas governamentais deste tipo. O que tem de acontecer é que as elevadas qualificações, a «performance» de qualidade, o mérito, que tudo isto seja valorizado, e devidamente compensado, pelas empresas cá em Portugal.
Isto consegue-se com concorrência entre as próprias empresas para atrair os melhores para serem seus colaboradores. E isso consegue-se com concorrência, não com programas governamentais.
Bem sei que o Programa não se resume a esta medida, e que há todo um contexto de medidas que também serão aplicadas. Mas esta pareceu-me de tal forma desajustada ao objectivo que pretende atingir, que não pude senão começar por aqui.
Ter, rapidamente, um Governo (Final) - Parte 2
Um nome em particular saltou-me de imediato à vista: Daniel Campelo. Anos depois dos dois orçamentos limianos do Governo Guterres, em que o seu voto «passou» os ditos orçamentos, e depois de toda uma saga partidária, temos Daniel Campelo como Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural. É possível que perceba do tema, mas toda a sua actuação anterior enquanto deputado não me deixa descansado.
Temos Francisco José Viegas como Secretário de Estado da Cultura. Esperemos que a sua função deixe de ser a pura e simples distribuição de subsídios. Neste momento, o grande problema da área da Cultura em Portugal, na minha opinião, é a subsidiação em massa, que leva a que os artistas sejam incentivados a lutar por um subsídio, e não por um público. Isto não significa que eu pense que apenas obras de arte «comerciais» devam ver a luz do dia. Mas significa que eu penso que fazer a Cultura depender do Estado e dos seus subsídios atrofia a produção cultural. Temos de separar bem mais o Estado da Cultura. Mas duvido que seja isto que Francisco José Viegas vá fazer, embora também duvide que vá ter muito dinheiro para subsídios, com os cortes que se aproximam.
Dizem que a nova Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade foi contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo deixar de ser inexistente legalmente. Na minha agenda política para este Governo estaria a legalização da adopção por casais do mesmo sexo. Era pouco provável que aparecesse alguém no Governo que concordasse com isto, tendo em conta os partidos que formam este Governo, e agora torna-se claro que não será fácil que esse objectivo seja atingido.
Fala-se ainda do facto de Pedro Passos Coelho ter supostamente vetado a entrada de Bernardo Bairrão para o Governo. A razão apontada: Bernardo Bairrão seria contra a privatização de um canal da RTP. Tendo em conta que a privatização de um canal da RTP é um objectivo do PSD, e que vai ser uma luta difícil conseguir este objectivo (que eu partilho, diga-se - onde está o serviço público da RTP1, por exemplo?), faz sentido não nomear alguém contrário a esta privatização como Secretário de Estado, mesmo noutra área. A ver se isto pressagia a boa notícia do Governo privatizar mesmo alguma coisa na RTP, o que não será fácil.
domingo, 26 de junho de 2011
A vida é gestão de risco
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Federalismo e Defesa
Acontece que, de facto, na Europa, há relutância em gastar dinheiro com as Forças Armadas, relutância essa que eu partilho. Além disso, o dinheiro gasto em Forças Armadas é gasto de forma ineficiente, em 27 forças armadas separadas que, precisamente por estarem separadas, não têm grande capacidade de projecção de força. Isto para não falar da falta de visão estratégica na UE no que toca a política de Defesa.
Num contexto de globalização, e de problemas orçamentais, no entanto, já há passos no sentido de maior cooperação (veja-se o caso do Reino Unido e da França no que toca a armas nucleares), e o próprio Tratado de Lisboa prevê mecanismos de cooperação na área de Defesa. No limite, eu gostava de ver uma força armada europeia federal (e também uma política externa europeia integrada). Enquanto isso não acontecer (e não é fácil isto acontecer), devemos apostar na cooperação.
Afinal de contas, para que é que os 27 Estados Membros querem uma força armada nacional que, ainda por cima, não é propriamente muito capaz, no contexto actual? Não se vão invadir uns aos outros, nem vão invadir países fora da União. Não se vão defender uns dos outros. E para se defenderem do exterior, uma força armada europeia é melhor do que 27 forças armadas nacionais. (Não defendo, além disso, que devamos ignorar a NATO - a UE federal seria parte da NATO, e a força armada europeia contribuiria para a NATO.)
Um dos objectivos fundamentais da UE é conseguir paz duradoura na Europa. Maior cooperação ao nível das forças armadas, precisamente os instrumentos utilizados para fazer a guerra, seria um passo importante nesse sentido. E ajudaria também no que toca a questões orçamentais, como vantagem extra.
Sei que não é uma visão maioritária, e que o apelo da «soberania nacional» ainda se faz sentir. Mas nestes tempos que correm, os europeus vão ter de fazer escolhas no que toca ao financiamento da sua Defesa, num contexto de problemas orçamentais e dos EUA já se encontrarem renitentes a continuar a financiar, essencialmente, a defesa europeia.
É uma escolha que devemos fazer de olhos abertos. E devemos olhar para todas as alternativas possíveis.
terça-feira, 21 de junho de 2011
Ainda o Euro
Intervenções no blogue 'The Lisboners' (VI)
I agree. In fact, I think human rights should be at the heart of Government policy, 24 hours a day, every day of the year.
Unfortunately, anti-immigrant rhetoric is useful during an economic crisis. You need to pin the blame on someone, and immigrants, especially poor immigrants, make great scapegoats. After all, they don’t have a vote, they are easily perceived as coming in to «steal jobs», and they are easily accused of being the cause of all criminal activity – and then, no one will speak for them, because it might mean that person will lose votes in the next election. Or is accused of not being «patriotic» enough.
We need someone to counter this kind of rhetoric, and speak not just for immigrants, but also for international development, even in this time of crisis. In my opinion, this means speaking out against protectionism, which is precisely what anti-immigration measures amount to.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Sair do Euro seria um Problema, não uma Solução
Sair do Euro não é uma visão de futuro. É uma visão de passado. E seria um grande problema, não uma solução.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Ter, rapidamente, um Governo (Final) - Parte 1
Enquanto Primeiro Ministro, vai liderar um Governo constituído por Ministros com peso pessoal e político próprio. O Governo não vai depender da personalidade de Pedro Passos Coelho, da mesma forma que o anterior dependia da personalidade de José Sócrates. Algo que me parece extremamente positivo. Precisamos de um Governo forte, não apenas de um Primeiro Ministro forte.
Passemos aos Ministros. Em particular, passemos à escolha das pastas. Aqui está a lista:
- Negócios Estrangeiros
- Finanças
- Economia e Emprego
- Educação e Ensino Superior
- Saúde
- Solidariedade e Segurança Social
- Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território
- Defesa Nacional
- Justiça
- Administração Interna
- Assuntos Parlamentares
Correcção: Corrigi o artigo para eliminar um erro no que toca ao Emprego e quem ficaria responsável por essa «pasta».
Correcção 2: Corrigi a lista e alterei o artigo para reflectir as «pastas» da carta de Pedro Passos Coelho a Aníbal Cavaco Silva.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Indignação e Democracia
(http://esquerda-republicana.blogspot.com/2011/06/indignados-um-movimento-contra.html)
«Começaram por ocupar as praças, para discutir pacificamente. Mas começaram a achar-se donos delas e agora atacam um parlamento legitimamente constituído tentando impedi-lo de se reunir. Em Barcelona e noutros locais de Espanha está-se a verificar como o movimento da «democracia real», apesar das boas intenções de muitos, pode descambar facilmente no ataque à democracia realmente existente, a que depende do voto secreto, regular e livre da pressão de grupo. Ao quererem deslegitimar a representação, estão a acabar por se deslegitimar a si próprios.»
Note que eu acho salutar a formação destes movimentos, mas não posso concordar com estas acções...»
Pensamento Solto
Nada há de «progressista» em tentar procurar sistematicamente desresponsabilizar Portugal por aquilo que lhe está a acontecer, e em ignorar os efeitos que as nossas (más) decisões estão a ter fora do país. Chamar nomes à Chanceler alemã é obviamente mais fácil que aceitar que cometemos erros, mas para que consigamos deixar de cometer erros, seria importante assumir que os cometemos e começar por aí, por muitos erros que a própria Chanceler alemã tenha cometido.
O FMI e a UE não são simplesmente «estrangeiros» que vêm pôr em causa a nossa «soberania nacional». Nada há de «democrático» na retórica anti-«estrangeiro» e ultra-soberanista que se encontra neste tipo de discurso. Portugal é membro do FMI e é membro da UE, que aliás financia, e, num momento de crise, o Governo português tomou a decisão de activar mecanismos de resgate que se encontravam disponíveis, de forma a evitar a pura e simples bancarrota. O acordo foi negociado e acabou por ser sufragado nas eleições, porque serviu de base aos programas políticos do PSD, do CDS-PP e do PS. Já para não falar que o Governo, numa situação excepcional de ruptura financeira, tinha poder para negociar o acordo, e que esse Governo tinha assumido funções pela forma constitucionalmente prevista.
Em causa neste momento está a União Europeia, e a União Europeia tem sido fonte de paz e prosperidade na Europa desde a sua criação. É também um garante de um conjunto de liberdades fundamentais de que não podemos abdicar. Em vez disso, é necessário lutar por maior integração europeia, por uma verdadeira federação europeia, através da qual passaríamos a ter os instrumentos necessários para construir de forma sustentável um período ainda mais longo de paz, com potencial para ainda maior prosperidade.
Não podemos simplesmente olhar para o nosso umbigo e exigir que nos ofereçam dinheiro porque pura e simplesmente nós pensamos temos direito, por existirmos, a viver acima das nossas possibilidades, independentemente dos efeitos internos ou externos desse tipo de política. Ora, nós não temos direito a almoços grátis, porque pura e simplesmente não existem almoços grátis. E devemos assumir as responsabilidades pelas decisões que foram tomadas.
O novo Governo vai ter um mandato democrático para mudar o modelo de desenvolvimento do país, na linha do que está previsto no Memorando da «Troika», e é importante que não se esqueça que deve também lutar por reforçar os poderes da União Europeia, de forma a que esteja fique mais bem apetrechada para lidar com crises futuras. Temos de olhar para fora, ser abertos, ser responsáveis, e assumir as responsabilidades pelos nossos erros.
terça-feira, 14 de junho de 2011
Intervenções no blogue 'The Lisboners' (V)
I have a few issues I’d like to raise about this post.
The first one is that I can’t help but find it slightly patronising to say that the Indian people simply can’t hold their Government to account, when India is, I believe, a functioning democracy, with functioning democratic institutions.
The second one is that free trade is not about benefitting one side or the other. It’s about lower prices and higher wages in real terms for all sides.
The Common Agricultural Policy, though, is, in fact, about benefitting one side over the other, and it is extremely detrimental to developing economies hoping to export their agricultural products to the European market. That’s what we should be reforming, and in earnest, not at the snail’s pace we currently are.
Also, we should think about protecting people as individuals, and their ability to make choices, not small businesses ‘per se’. People should be able to choose what goods they buy, and they should do so based on their individual preferences, not because there is no alternative. Small businesses can adapt to the new environment – they can, for example, form trade alliances to generate the necessary economies of scale to compete.
Indian business will adapt to the new environment. It will become stronger and more competitive because of competition, and that kind of strength is much more sustainable than that provided by Government protection.
I wonder if the production of generic medicines will be restricted, or whether the provisions at issues are about counterfeit medicine being restricted. These are not the same thing. Of course, I agree whole-heartedly, generic production should not be stymied in India (or anywhere, for that matter).
I also wonder about your concerns about «legislation on health and the environment» being hampered. Could you be more specific? Why are these concerns being raised?
I find it is our responsibility to sign and ratify free trade agreements that lower tariffs across the globe, because free trade creates wealth, and it also creates interdependence – which leads to a predisposition towards peaceful solutions for quarrels that may emerge.
I also find it is our responsibility to reform our global governance institutions to make them more transparent and increase their democratic legitimacy. Free trade is predicated on the existence of an adequate institutional framework, after all.
I know this is slightly off-topic, but I would like to ask anyway: how would people feel about an International Commercial Court, with a responsibility of dealing with international transactions taking into account their complex nature and specificities?
Ter, rapidamente, um Governo (II)
Veremos o que acontece...
Ter, rapidamente, um Governo
Precisamos de ter um Governo em funções o mais rapidamente possível. O programa que temos para implementar tem prazos, e prazos apertados. Não podemos ficar à espera.
É importante que as negociações entre PSD e CDS não se prolonguem excessivamente, e tudo indica, felizmente, que vamos ter negociações rápidas. Em breve haverá um acordo político e um programa de Governo.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Eleições (Final) - Parte 4
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Reforma Eleitoral
Agora, não posso deixar de notar que esta súbita preocupação com o sistema eleitoral por parte de Vital Moreira e outros parece vir precisamente quando PS e BE foram derrotados nas eleições. É curioso como esta preocupação se manifesta de forma tão exacerbada quando PS e BE perdem, mas não se manifestou desta forma em 2009, por exemplo, quando o PS ganhou as eleições e o BE teve uma subida em percentagem de votação e em número de deputados.
Gostava de ver um debate sério sobre a reforma do sistema eleitoral em Portugal, porque me parece que o nosso sistema eleitoral actual separa os cidadãos dos deputados, dá excessivo poder às estruturas partidárias na selecção dos deputados, além de criar barreiras à entrada de novas forças políticas no Parlamento. Mas todas as forças políticas sabiam à partida as regras do jogo democrático que por agora existem, e pouco ou nada fizeram, efectivamente, as que estavam no Parlamento, para que estas regras fossem alteradas.
De qualquer modo, espero que aproveitemos este momento reformista para alterar o nosso sistema eleitoral, melhorando-o. Há, pelos vistos, vontade política para o fazer. Há então que a aproveitar e, de uma vez por todas, agir.
Eleições (Final) - Parte 3
terça-feira, 7 de junho de 2011
Como é que estamos a ser afectados pela recessão?
Eleições (Final) - Parte 2
O discurso final do nosso ainda Primeiro Ministro foi pleno de emoção, de combatividade e de optimismo, mas não são essas suas palavras de despedida que apagam os erros estratégicos que cometeu. Fez bem em afastar-se, até pelos motivos que apontou. Mas não será esquecido o que aconteceu a partir de 2007, quando o impulso reformista de 2005-6 começou a ser substituído por um impulso eleitoralista, que teve o seu apogeu em 2009. Nem será esquecida a forma como adiou o pedido de ajuda externa, preferindo ir de PEC em PEC.
O novo Secretário Geral do PS, qualquer que ele seja, deve ter memória institucional. Deve lembrar-se que foi um Governo do PS que negociou o Memorando, e que foi também um Governo do PS que o assinou. Qualquer procura de afastamento em relação ao Memorando será um oportunismo que pode custar caro ao país, especialmente relativamente a medidas que poderão necessitar de reformas constitucionais para serem correctamente implementadas. Finalmente temos um programa de reformas estruturais, é bom que o PS recupere agora, mesmo na Oposição, o impulso reformista de 2005-6.
***
António José Seguro, Francisco Assis e António Costa. São estes os nomes que se perfilam na imprensa como potenciais candidatos à liderança. Veremos quem avança efectivamente e o que diz sobre o futuro do PS e do país, numa altura de crise em que o PS terá de ser uma Oposição responsável, e não uma Oposição demagógica.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Eleições (Final) - Parte 1
Mas ter as condições institucionais formais para implementar o programa não significa o mesmo que ter apoio popular alargado. Daí a necessidade de coragem política e capacidade de liderança. O programa a implementar implica uma reestruturação da nossa economia no sentido do crescimento sustentável, assente no investimento privado e em instituições públicas eficientes e eficazes. Vai abalar muitos interesses instalados, mas é crucial que o interesse público prevaleça.
O próximo Governo vai governar em recessão, e rapidamente vai começar a ser culpado, inclusivamente pelo PS, provavelmente, pelas condições económicas gravosas que vamos procurar ultrapassar. As medidas que vai, em princípio, aplicar são reformas estruturais, que têm impacto a longo prazo, e não no imediato. Isso vai ser usado contra o Governo por todos aqueles que defendem que nos devemos continuar a focar no presente, e que desvalorizam o impacto negativo da inflação. O que vai desgastar o Governo.
É urgente que este desgaste não chegue ao ponto de pôr em causa a coligação e causar a queda do próprio Governo. É precisamente para evitar este tipo de instabilidade que a coligação serve, e os parceiros de coligação têm programas suficientemente parecidos para que a coligação seja estável. Não devem começar a tentar destruir-se mutuamente por mera táctica política conjuntural.
É também urgente que este desgaste não cause uma desaceleração ou, até, inversão do impulso reformista do Governo, o que também não pode acontecer por pura e simplesmente se aproximarem as próximas eleições. As reformas estruturais constantes do programa da Troika são demasiado importantes para serem trocadas por tentativas de ganhos eleitorais conjunturais, e as consequências de não fazer as reformas necessárias ou deixá-las a meio é não beneficiarmos do impacto positivo que essas reformas terão ao reestruturar a nossa economia, o que é nefasto para o desenvolvimento económico do país e, portanto, para as pessoas.
E para conseguir implementar estas reformas, o Governo vai ter, de facto, de ser transparente e aberto. Vai ter de comunicar com as pessoas, e explicar claramente quais os problemas que vê, quais as soluções que propõe, e porque é que essas soluções resolvem os problemas. Tem de assumir as propostas que faz, não se deve distanciar delas e dizer tristemente que lhe foram impostas. Apenas sendo aberto, transparente e corajoso o Governo demonstrará o nível de liderança necessário para implementar este pacote de formas.
Em suma, o Governo de coligação não deve cair antes do final do seu mandato, e deve aproveitar as condições institucionais ímpares de que dispõe para finalmente fazer as reformas estruturais de que o país precisa. Não pode ceder a chantagens ou a pressões eleitoralistas ou de curto prazo. Está na altura de fazer reformas estruturais há demasiado tempo adiadas, e este Governo tem condições institucionais formais para as fazer. Resta saber se terá a coragem política e a capacidade de liderança para o fazer.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
O «Realista»
O referido historiador e ainda deputado é um grande apoiante de Manuela Ferreira Leite. Esta ficou sobejamente conhecida por desprezar a discussão de propostas concretas, e preferir falar em generalidades, uma forma de fazer política que Pacheco Pereira também parece apoiar.
Diz da actual direcção do PSD que é demasiado tecnocrática, que apresenta um programa demasiado detalhado e inexequível, posição idêntica à que tem relativamente ao programa da Troika. Diz que o Estado não é uma empresa. E já disse também que considerava o programa do CDS-PP mais «realista».
Ora bem, este tipo de atitude é precisamente aquele que nos leva à estagnação. Numa altura de crise, em que vamos ter a oportunidade, implementando nós o programa da Troika, de reestruturar a nossa economia no sentido do desenvolvimento sustentável, precisamos que quem queira a mudança a defenda convictamente. Ficar sentado a falar de especificidades portuguesas ou de quão impossível é mudar não muda nada.
É à custa deste tipo de atitude, de falta de coragem política, de falta de uma verdadeira visão para o país, que acabámos onde acabámos. Não basta fazer o que Manuela Ferreira Leite fez enquanto líder, e que Pacheco Pereira aplaudiu, que foi falar em generalidades e fazer diagnósticos. É preciso, mesmo, por muito que isso custe, explicar o que se pretende fazer para resolver os problemas.
Quando Manuela Ferreira Leite foi Ministra das Finanças, aquilo que fez foi aplicar as célebres «medidas extraordinárias» de contenção do défice, quando o que se pedia eram reformas estruturais, independentemente de na altura a situação não ter escalado ao ponto em que estamos hoje (aliás precisamente para a evitar). É em medidas extraordinárias e avulsas deste género que redunda aquilo que Pacheco Pereira defende. E não é disso que precisamos, muito menos em tempo de crise, se quisermos mudar alguma coisa em Portugal.
O programa da Troika deve ser implementado, e deve haver um Governo de maioria que tenha a capacidade de o fazer. Esse Governo deve ser capaz de defender perante o Parlamento e os cidadãos aquilo que está a fazer, e não simplesmente pedir desculpa ou afastar-se das medidas que vai aplicando. Deve ser claro e transparente na forma de actuação. E deve aplicar as propostas concretas que foram feitas, e não viver de generalidades ditas «realistas».